
Lauro Quadros estreou no microfone da Rádio Sociedade Gaúcha aos 19 anos. Em 15 de agosto de 1959, o jovem teve o primeiro registro na carteira de trabalho. Contratado como repórter, ficou apenas oito meses na emissora do Edifício União, no Centro Histórico de Porto Alegre.
Depois de uma rápida passagem pela Rádio Difusora, retornou à Gaúcha em novembro de 1960. Ele foi locutor comercial, apresentou programa, fez plantão esportivo, foi repórter de campo e narrou partidas de futebol. Eu e a colega Andressa Xavier visitamos, na última semana, o querido Lauro Quadros, que relembrou dos momentos marcantes no rádio.
Laurinho está com 85 anos. Mora com a esposa, Maria Helena, em apartamento no bairro Bela Vista, em Porto Alegre. Eles estão prestes a completar 65 anos de casamento.
Sobre a primeira fase na Rádio Gaúcha, o jornalista recorda que, às 6h, abria o estúdio no 11º andar do Edifício União. Na época, a programação não era 24 horas. Ele descreveu os ambientes, como se caminhasse novamente nos corredores da antiga sede da emissora. Lauro Quadros ficou na Gaúcha até 30 dezembro de 1961, quando se despediu dos colegas para ingressar na Rádio Guaíba. Em 1962, fez a primeira cobertura de Copa do Mundo, no Chile.
Não foi por falta de tentativas da direção da Rádio Gaúcha nas décadas de 1960 e 1970, mas o bom filho à casa retornou somente em 1985. Lauro Quadros já não era apenas um jovem talento, mas uma estrela do jornalismo gaúcho. Além da atuação em jornal e TV, foi comentarista esportivo e apresentador da Rádio Gaúcha. Cobriu as Copas de 1986, 1990 e 1994, quando se aposentou das jornadas esportivas. Queria ter os finais de semana livres com a família. Maria Helena e os filhos agradeceram.
Lauro Quadros fez parte de inesquecíveis formações do Sala de Redação. Apresentou, no meio da manhã, o Programa Lauro Quadros e o Polêmica. Na Copa do Mundo no Brasil, voltou às jornadas esportivas. Decidido a se aposentar, aos 75 anos, se despediu do microfone da Rádio Gaúcha em 14 de novembro de 2014.
Questionado sobre quais as melhores lembranças, responde de primeira: os amigos. O maior ídolo foi Cândido Norberto, que o inspirou no início da carreira. Outra pergunta não poderia faltar. Ele a ouviu a vida toda. Afinal, és colorado ou gremista? Lauro foi rápido, disse que sempre prezou pela imparcialidade. Não foi dessa vez que abriu as cores do time do coração.

Maria Helena guarda as fotos da carreira do marido em uma caixa. O Almanaque Gaúcho publica a mais antiga do acervo da família, com data de 1961. O jovem repórter estava em ação em um Gre-Nal.
Rotina na aposentadoria
Com frequência, amigos e ouvintes me questionam sobre Lauro Quadros. Onde está? O que faz da vida? Laurinho está muito bem. Caminha quatro quilômetros, em 40 minutos, todos os dias. Por muito tempo, fazia o exercício na Praça da Encol, mas agora prefere o pátio do condomínio onde mora. Quando o tempo não ajuda, por causa do frio ou da chuva, a caminhada ocorre dentro do apartamento. Ele vai de um lado para o outro da sala.
Brincalhão, está sempre fazendo piada. Justifica que o bom humor é segredo da longevidade.
Ele não está na rotina de uma redação jornalística, mas continua gravando muitas entrevistas. O homem é um baú de memórias do futebol e do jornalismo. Maria Helena revela que Lauro não desliga, passa boa parte do dia conectado nas notícias na TV e no rádio.
No verão, o casal passa a temporada no apartamento de Capão da Canoa. Lauro Quadros nasceu em Porto Alegre, mas passou os primeiros anos da infância em Cornélios, hoje bairro de Terra de Areia, no Litoral Norte. Depois do falecimento do pai, aos 5 anos, veio morar na capital gaúcha com a mãe e o irmão Odone.