O Hotel Ritta Höppner abriu as portas em Gramado em 1958. Administrado hoje pela terceira geração da família Höppner, é o único hotel brasileiro entre os 25 melhores do mundo na lista deste ano da plataforma TripAdvisor. Para contar esta história, preciso voltar à Alemanha dos anos 1930.
Em Hamburgo, o alemão Otto Höppner conheceu a gaúcha Ritta Horst, filha de alemães nascida na cidade de Rio Grande. Eles se casaram, em 1939, e tiveram um filho, Heino. Em função das condições do país após a 2ª Guerra Mundial, a família decidiu partir para o Brasil em 1952.
Num primeiro momento, os três moraram em Rio Grande. Depois de quatro anos, os Höppner foram para Gramado. O pedreiro Otto foi convidado para trazer a calefação em obras da cidade da Serra. Ele participou da construção das primeiras casas do bairro Planalto.
Ao lado da casa da família, ficava a Pensão Postweiler. Quando surgiu a oportunidade de arrendar o estabelecimento, Ritta ingressou no ramo da hospedagem. Ela gostou tanto da atividade que o marido construiu um hotel. Eles compraram terrenos no entorno, onde foram erguidos pequenos chalés.
Em 24 de setembro de 1958, a família fez a mudança para o novo endereço. Era o início do Veraneio Ritta Höppner, administrado por Ritta com a ajuda do filho Heino. Otto continuou trabalhando na construção civil. No início, ofereciam seis apartamentos, com banheiros privativos e calefação, um luxo na rede hoteleira da região.
Ritta faleceu aos 57 anos, em 1973. Depois da morte, foi trocado o nome do estabelecimento para Hotel Ritta Höppner. A nora Jussara Höppner, esposa de Heino, assumiu a administração.
Otto morreu em 1986, três anos depois da abertura do Mini Mundo, construído por ele e pelo filho. Adriana e Guilherme Höppner, netos dos fundadores, administram hoje o hotel e o parque, dois pontos clássicos de Gramado.
— Não convivi com minha avó, apenas com meu avô. Ele estava sempre esculpindo alguma coisa. Tinha muita habilidade com as mãos e criatividade — lembra Adriana Höppner.
As construções do hotel preservam na arquitetura e nos detalhes, como as pinturas das janelas, a origem da família.
História de Gramado
No fim do século 18, Gramado era passagem e pouso de tropeiros, responsáveis pelo transporte de animais e mercadorias. Não demorou para começarem a fixar residência na região, onde antes viviam índios caingangues. Tristão José Francisco de Oliveira foi um grande proprietário de terras. No século 19, áreas ocupadas por tropeiros e ex-militares foram compradas por colonos alemães e italianos.
Os africanos, ex-escravos e seus descendentes, também estavam presentes na região de Gramado. Os negros ocupavam Vale do Quilombo, Linha Moleque, Linha Caboclo e Vila Africana.
Em 1904, o governo estadual criou o 5º distrito de Taquara, com sede em Linha Nova, que hoje é uma comunidade no interior de Gramado. A localidade passou a ter prédio administrativo, cartório e subintendente (uma espécie de vice-prefeito). O major José Nicoletti Filho foi escolhido pelo presidente do Estado, Borges de Medeiros.
Devido ao traçado da nova ferrovia de Taquara a Canela, a sede do distrito foi transferida em 1913 para onde fica hoje o centro de Gramado.
A chegada do trem ocorreu primeiro na localidade de Várzea Grande, em 1919. A conclusão dos trilhos até a sede de Gramado ocorreu em 1921. A ferrovia fez aumentar o número de visitantes e moradores.
Gramado foi distrito de Taquara até 1954, quando conseguiu a emancipação.
Origem do nome
Os tropeiros, em suas andanças, precisavam ter referências para localização. Com o tempo, deram nome aos pontos de passagem ou parada. No local do atual centro de Gramado, ficava um gramado ótimo para o repouso dos viajantes.