É formado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul um dos maiores nomes do Brasil nos estudos sobre envelhecimento e qualidade de vida. Emilio Moriguchi nasceu em Tóquio, no Japão, mas se mudou para cá menino. Junto à família, fixou residência em Porto Alegre e, anos mais tarde, seguiria à risca os passos do pai, Yukio Moriguchi, com dedicação à medicina e ao estudo entusiasmado da longevidade.
A saúde também está profundamente ligada à qualidade dos laços que cultivamos
Na busca por identificar os fatores que contribuem para uma existência prolongada, o Dr. Moriguchi vem, há tempos, se aprofundando em pesquisas. Uma das mais emblemáticas ocorre em Veranópolis, na Serra Gaúcha. Se você não conhece, explico: trata-se de uma das cidades com maior expectativa de vida do país, superando a média nacional.
Na semana passada, em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, o médico compartilhou conosco algumas conclusões sobre fatores que nos ajudam a viver bem e por mais tempo. Atentos, eu e Luciano Potter anotamos algumas delas. É claro que o clássico combo alimentação equilibrada e exercícios físicos apareceu com destaque. Na prática, manter uma rotina ativa e uma dieta rica em frutas, verduras, legumes e grãos contribui para uma existência mais saudável.
Foi então que um paciente observador achou ter flagrado uma contradição ao encontrar o médico em um restaurante. No prato, nada de peixe grelhado ou legumes no vapor – mas sim um suculento pedaço de picanha, daqueles que só um assador gaúcho sabe preparar. “Peguei no pulo”, pensou o vivente. Ao que o geriatra respondeu, com leveza:
– Tão importante quanto aquilo que está no seu prato é escolher com quem você o compartilha à mesa.
A resposta pode parecer simples, mas revela um componente essencial para o bem-estar duradouro: nossos vínculos. Naquele domingo, ele saboreava um churrasco rodeado de pessoas queridas. Havia risos, histórias, afeto. Havia motivo para celebrar a vida.
O verdadeiro “pulo do gato” (comprovado em um estudo da Universidade de Harvard) é que pessoas com relações afetivas consistentes tendem a manter-se física e emocionalmente mais estáveis com o passar do tempo. Ou seja, a saúde também está profundamente ligada à qualidade dos laços que cultivamos.
Por isso, escolher quem se senta à nossa mesa é tão relevante quanto selecionar o que vai no prato. E, se for com um churrasco suculento, eu concordo: pode, também, nos fazer mais felizes.