
A missão do governo gaúcho nos Estados Unidos, encerrada nesta quinta-feira (15), produziu resultados em dois pontos principais. O primeiro deles trata da apresentação do Rio Grande do Sul como uma opção segura e atrativa para investidores, presidentes e bancos e agentes privados. Na prática, significa dizer que o Estado está aberto e pronto para permitir condições, colocando-se de igual para igual com outras unidades da federação. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Santa Catarina, por exemplo, levaram seus governadores para Nova York. Ainda assim, o governador Eduardo Leite fez uma avaliação consciente de que o movimento realizado junto a investidores pode levar tempo para produzir um resultado mais concreto.
— Tudo aqui é uma semeadura. Entendo que, no final de uma viagem, as pessoas querem saber quantos bilhões, quantos milhões serão anunciados. Mas é preciso entender que isso é um trabalho de médio e longo prazo, fazendo com que o Rio Grande do Sul seja olhado, percebido. Os próprios investidores brasileiros que circulam por aqui, com quem eu converso, dizem que o Rio Grande do Sul estava fora do radar em anos anteriores, porque acaba olhando muito para dentro. Ou seja, há um sentimento de que o Rio Grande do Sul fica muito voltado para si mesmo. Então estamos exibindo dados, fazendo apresentações, mostrando nossas oportunidades. Queremos que o Rio Grande do Sul entre no radar dos investidores — avaliou Leite.
Um dos exemplos citados pelo governador à reportagem de Zero Hora diz respeito a conversas com interessados na área de biocombustíveis. Um dos agentes esteve presente no chamado “RS Day”, um evento inédito e específico sobre o Rio Grande do Sul, como parte da programação da Semana do Brasil em Nova York.
A ideia, idealizada e executada pela InvestRS, deu tão certo que agora o Estado pretende replicar o modelo em futuras missões internacionais. Sobre as próximas, governo pretende trabalhar para ampliar a relação de investidores internacionais e também fazer um melhor detalhamento nas apresentações sobre o portfólio de oportunidades.
Big techs e educação
O segundo ponto contemplado na missão do governo nos Estados Unidos diz respeito aos encontros com líderes das gigantes globais de tecnologia. Entre elas: Salesforce, IBM e OpenAI (que tem o ChatGPT como um dos produtos mais conhecidos). Foi a primeira vez, aliás, que um Estado brasileiro se reuniu com uma das maiores empresas do ramo de inteligência artificial.
Como resultado, foram anunciadas parcerias na área de educação e capacitação profissional. No caso da Salesforce, 1,5 milhão de vagas para capacitação em inteligência artificial, por meio do Instituto Caldeira. Na IBM, o acordo prevê formação de jovens com foco em inclusão digital, ou seja, prevendo cursos em especial em regiões de periferia. Uma das localidades escolhidas é a Vila Cruzeiro, em Porto Alegre, recentemente visitada pela líder de Responsabilidade Social Corporativa para IBM na América Latina, Flavia Freitas.
Enfrentamento às enchentes
Também na IBM, o governador anunciou parceria importante que prevê o uso de tecnologia (e inteligência artificial) para prevenção e mitigação de danos causados por desastres climáticos. O anúncio foi feito a partir de um encontro com líderes da empresa.
O software auxiliará na leitura de dados captados por equipamentos ou estudos que o Estado já dispõe, ou que estão em frase de contratação. Entre eles estão: radares meteorológicos, estações hidrometeorológicas, estudos de modelagem hidrodinâmica, batimetria e topografia.
— Tudo isso vai nos dar um conjunto de dados e de informações que é superimportante, por si só, serem manejados pelas equipes da Defesa Civil, mas tanto melhor, ou ainda muito melhor, acoplando o uso de inteligência artificial para fazer a leitura desses dados e informações. A intenção é produzir um melhor entendimento sobre as nossas fragilidades e possibilidades de eventos climáticos. É o uso de inteligência artificial aplicado à análise desses dados relacionados — explica Rodrigo Ortiz Borges, diretor regional da IBM Brasil e líder das operações nos estados do Paraná, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.