Aos 34 anos, no auge de uma carreira internacional cintilante, a bailarina gaúcha Silvia Wolff sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Internada às pressas, ficou três dias em coma. Passou por uma cirurgia delicada na cabeça e saiu do hospital na cadeira de rodas. Teve de reaprender a viver. E a dançar.
Ela não só não desistiu do sonho, como se tornou professora de Fundamentos da Dança Clássica na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e criou um método novo chamado “balé possível” (fruto do pós-doutorado na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, em Portugal).
Quase 20 anos depois do baque e do recomeço, a artista nascida em Porto Alegre voltou aos holofotes com uma apresentação solo, que chega, na próxima quarta-feira (5), a um dos mais importantes centros culturais do país: o Multipalco Eva Sopher, na Capital (leia os detalhes abaixo). O espetáculo chama-se Pena, mas não espere vitimismo. Sílvia é o oposto disso.
— A ideia surgiu de uma situação que vivi no pós-AVC. Encontrei uma conhecida do balé em São Paulo. Ela me viu de bengala e falou: “Que pena, tu era tão bonita...” Fiquei meio sem saber como responder. Depois, um amigo querido, o Paulo Paixão, disse: “Sílvia, pena é o nome de um espetáculo!” E assim foi — recorda a bailarina, que estudou em Nova York e brilhou em instituições como a Deutsche Oper Berlin, na Alemanha, e The Pennsylvania Ballet, nos Estados Unidos.
Embora seja um exemplo de resiliência e força, Sílvia rejeita o rótulo de “superação”. Quer apenas ser vista como é: uma artista que celebra o vulnerável, que questiona padrões e que rompe tabus, mostrando que há muitas formas de fazer arte e de dançar.
— Não julgo aquela amiga. Ela estava impregnada do ideal de beleza, de magreza, de virtuosidade do balé tradicional. Vivi isso de dentro. Hoje, vejo diferente. No início, não sabia nem se ia conseguir levantar da cama, mas nunca desisti — reflete ela.
Sem saber, Sílvia fez o impossível.
Serviço
- O quê: espetáculo de dança solo “Pena”, com a bailarina Silvia Wolff
- Quando: 5 de novembro, quarta-feira, às 19h
- Onde: Teatro Oficina Olga Reverbel (Rua Riachuelo, 1089 - Centro Histórico, Porto Alegre)
- Ingressos: R$ 30 (inteiro) ou R$ 15 (meia-entrada)
- Ingressos antecipados: clicando aqui





