A história e as descobertas de uma das primeiras universidades brasileiras a pesquisar no continente gelado estão contadas na exposição Da Floresta ao Deserto de Gelo: Pesquisas Geológicas na Antártica, na biblioteca da Unisinos, em São Leopoldo.
Tem de tudo: rochas, fósseis, recortes de jornais, fotografias, artigos científicos, documentários e até equipamentos usados pelos cientistas.
— O objetivo é trazer para os visitantes a experiência dos pesquisadores e os resultados que a gente obtém fazendo pesquisas na Antártica — conta o curador Rodrigo Scalise Horodyski.
Os objetos da mostra pertencem ao Museu de História Geológica do Rio Grande do Sul, que fica na universidade. Eles foram coletados ao longo de décadas de missões brasileiras e ajudam a reconstruir o conhecimento que temos das dinâmicas do continente.
Além desses itens, a exposição conta com uma mostra do fotógrafo Edson Vandeira, morto em junho. Por anos, ele fez imagens espetaculares para a National Geographic e o History Channel. Dele também é a direção do documentário Antártica Verde (2023) exibido no local. O filme documenta os trabalhos de uma equipe da Unisinos durante escavações que duraram 65 dias entre 2019 e 2020.
Projeto Paleoclima
Segundo o professor Rodrigo, a mostra consolida os cinco anos do projeto Paleoclima. É uma iniciativa que investiga as mudanças climáticas que afetaram o planeta nos últimos 140 milhões de anos. Só para ter uma noção da dimensão disso, o ser humano está no Planeta há pouco mais de 200 mil anos
Mudanças climáticas não são novidade na Terra. A Antártica já foi muito mais quente do que é hoje, como revelam os fósseis e as descobertas feitas até o momento. Até floresta teve. Mas nenhuma dessas alterações se compara à atual, conta Rodrigo:
— Essa mudança climática atual está sendo induzida forçadamente pelas ações do ser humano no planeta Terra. E está acontecendo numa velocidade sem precedentes. A gente vai sofrer um impacto forte por conta dessa velocidade.
Na sua avaliação, a paleontologia climática é fundamental para entender, reconhecer e registrar todos os processos e os impactos que as essas dinâmicas do clima causam nos organismos – como eles se adaptaram ou não às alterações anteriores.

Até hoje, o Paleoclima já identificou crises bióticas causadas por aquecimentos globais e a mortandade em massa posterior à queda do meteoro que também provocou a extinção dos dinossauros. Todos os artigos da equipe foram impressos e estão disponíveis para leitura no local.
O projeto é vinculado à Unisinos, que tem um histórico antigo de pesquisa na Antártica. Os primeiros cientistas da instituição que estiveram pesquisando por lá, em 1981, foram antes mesmo da criação do Programa Antártico Brasileiro, fundado no ano seguinte.
Saiba mais
A exposição é aberta a todos, das 8h30min às 21h na Biblioteca da Unisinos (Av. Unisinos, bairro Cristo Rei, São Leopoldo). Fica em cartaz até vai até dia 21 de outubro.
Produção: Guilherme Freling


