O Cemitério da Santa Casa de Porto Alegre, um dos lugares mais belos da cidade, verdadeiro museu a céu aberto, será palco e cenário de um projeto inovador. Assinado e dirigido por Chico Marshall, o espetáculo A Voz da Ninfa estreia no dia 31 de outubro, às 19h (leia os detalhes no fim do texto), em meio aos jazigos monumentais do campo-santo.
Será a primeira superprodução dramatúrgica realizada no local a partir de edital lançado pelo próprio cemitério, com direito a atuações potentes (das atrizes Denizeli Cardoso, Paulina Nólibos, Laura Medina e Victória Carnelli), efeitos de iluminação (de Prego & Osório), projeções de imagens (de Jana Castoldi), performance coreográfica (de Thaís Petzhold) e trilha sonora original (do grande Vagner Cunha). A obra terá direção musical de Cunha e assistência de direção de Júlio Conte (o mesmo de Bailei na Curva), dois grandes nomes da música e do teatro gaúchos.
— Moro a duas quadras do cemitério e ele sempre fez parte da minha vida, mas, de um modo geral, o local é visto pela população como tabu, um lugar de morte. Não para nós, humanistas, que compreendemos sua importância patrimonial, histórica e cultural. Costumo levar minhas turmas lá e sempre quis fazer um projeto como esse, como forma de valorização — diz o professor Marshall, historiador, arqueólogo e docente da UFRGS, erudito e profundo conhecedor do ambiente funerário, de suas linguagens e memórias.
A trama
A Voz da Ninfa é um drama histórico em três atos. No roteiro, duas figuras de ninfas da estatuária da necrópole, chamadas Vida e Vigorosa, ganham a condição humana e são conduzidas por Caronta (versão feminina de Caronte, o barqueiro funerário) por túmulos emblemáticos.
Ao falar, elas interpelam a figura de um patriarca, denotando o contraste entre a ética feminina (de amor e zelo) e as tradições do patriarcado antigo (de ambição, lei, guerra e glória). O roteiro promove uma espécie de mutação histórica, com o enfrentamento dos valores de figuras da República Velha (representados em célebres jazigos), a partir de uma nova ética, à luz de valores contemporâneos, femininos.
Detalhe: o palco será dinâmico, com as atrizes se movendo pelo cemitério e conduzindo o público por caminhos inesperados. Ao final, a promessa é de um grande clímax, em forma de celebração.
O projeto foi viabilizado graças ao Edital de Criação de Dramaturgia e Encenação sobre o Cemitério da Santa Casa 2025 e à Lei Rouanet. É patrocinado por Aché, Agrogen, Dorf Ketal, Grendene, Stihl e tem realização do CHC Santa Casa e do Ministério da Cultura. Após a estreia, haverá mais cinco apresentações ao longo do mês de novembro.
Serviço

- O quê: espetáculo A Voz da Ninfa, de Chico Marshall
- Quando: estreia dia 31 de outubro, às 19h, com novas exibições nos dias 1º e 2 de novembro às 19h, dia 13 às 20h e dias 14 e 15 de novembro às 19h
- Onde: no Cemitério da Santa Casa – Av. Professor Oscar Pereira, 423
- Ingressos na plataforma Sympla: https://www.sympla.com.br/evento/a-voz-da-ninfa/3150486
Ficha técnica
- Autoria e direção geral: Chico Marshall
- Assistente de direção: Júlio Conte
- Personagens e atrizes:
Ninfa 1, Vida: Victoria Carnelli
Ninfa 2, Vigorosa: Denizeli Cardoso
Caronta, a condutora: Paulina Nólibos
Fantasma do pai de Hamlet e do patriarcado: Laura Medina
- Performance complementar:
Música, sob direção de Vagner Cunha
Participação de Heloísa Marshall, com Ana Carla Silva
Projeções: Jana Castoldi
Coreografia: Thaís Petzhold
- Fotografia: Daisson Flach
- Iluminação: Prego & Osório
- Equipe de produção:
Heloísa Marshall
Daniela Távora de Oliveira
Pedro Brum
- Produção: StudioClio Itinerante


