
Sabe aquela imagem do roqueiro “malvado e rebelde”? Esquece. No momento em que celebra 55 anos de carreira e 70 (quase 71) de vida, Alemão Ronaldo não tem nada desse estereótipo. O ícone do rock gaúcho é um cara “tranquilão” e “limpo”.
Ex-vocalista da Bandaliera e da Taranatiriça, ele parou de fumar e de beber álcool há 25 anos (em 12 de março de 2000), se mudou para o Interior e vive uma boa fase.
Alemão está prestes a subir no palco com dois grandes shows: o Acústico Rock Vol. 2, no Teatro Simões Lopes Neto, em setembro, e a volta da Taranatiriça, no Opinião, em outubro.
Conversamos no Perimetral Podcast da última sexta-feira (15). Leia abaixo trechos da entrevista.
Assista à íntegra do bate-papo
Verdade que tua carreira começou com bande de baile?
Sim, comecei tocando com os amigos do clube (Sogipa), né? A gente tinha 15 anos e ia nas festinhas. Claro, era para ver as gurias, mas também para fazer música. Foi assim que montamos uma banda e começamos em bailes. A gente tocava Led Zeppelin, The Who e Creedence, mas tinha samba também.
Tu tocava samba?
Sim, a gente tinha de mesclar, porque era assim em bailes, mas o que gostávamos mesmo era de rock. Nossa primeira turnê foi em Tramandaí, em 1971, mas logo nos mandaram caminhar, porque queriam uma banda de baile tradicional. Não deu, né?
Aí veio o rock?
Com 18, 19 anos, a gente largou o baile e começou uma banda de rock inspirada na Liverpool, que virou Bixo da Seda, lá no IAPI (bairro operário conhecido como berço do rock gaúcho, onde também nasceu Elis Regina). Depois veio a Bandaliera e a Taranatiriça, que estouraram e fizeram muito sucesso na década de 1980.
Como teus pais reagiram quando descobriram que tu querias ser roqueiro e viver disso?
Tive muita ajuda dos meus pais. Eles gostavam de música. Quando eu chegava em casa de madrugada, meu pai estava ouvindo meus vinis. Ele comprou equipamento de som para mim, microfone, tudo.
Naquela época, as coisas aconteciam na rua, né? Porto Alegre mudou muito?
A cidade mudou muito, principalmente em termos de segurança. A gente caminhava para lá e para cá à noite, batendo papo. Era assim que as bandas se encontravam. E era uma coisa legal, sabe?
Porto Alegre ficou careta?
Totalmente. Não tem mais aquele vínculo, aquela coisa de tu estar andando e dar de cara com o Nei Lisboa, com o alemão Gessinger (Humberto, da banda Engenheiros do Hawaii). É cada um fechado no seu canto.
E o rock? Virou bunda-mole?
Eu diria que o rock ficou mais excêntrico. Vou dar um exemplo: antes não tinha nem camarim, agora os músicos pedem toalhas brancas, pedem vinho, salgadinho, não sei o quê. A gente não tinha nada disso. Por isso é que ficou essa bunda-molice, né?
De onde vem a tua energia para os novos shows?
Olha, acho que o ar puro de São Chico (São Francisco de Paula, onde ele vive com a mulher, a jornalista Lúcia Pires, há oito anos) está ajudando. Não que eu malhe. Eu até deveria, com a minha idade, mas digo que não sou sedentário, sou setentário. Depois de certa idade, a gente vai dando aquela acalmada. Foi o que aconteceu comigo. A gente está feliz lá, com nossos gatos, tocando naquele silêncio, sabe? Hoje em dia, eu não troco isso por nada.
Quem diria, hein?
Às vezes eu até brinco, dizendo que lá na Serra é aquele silêncio ensurdecedor, sabe? Tu ouve um cachorro latir ao longe, ouve os pássaros. Acho que essa qualidade de vida é que me deu um up a mais.
Sobre os shows
Alemão Ronaldo - Acústico Rock Vol.2 Ao Vivo
- Quando: 7 de setembro, 18h
- Onde: Teatro Simões Lopes | Multipalco Theatro São Pedro (Praça Mal.Deodoro, s/n°)
- Ingressos: à venda no site do teatro (aqui), de R$50 a R$120.
Taranatiriça, o retorno
- Quando: 2 de outubro, 21h30min
- Onde: Opinião - Rua José do Patrocínio, 834, Porto Alegre
- Ingressos: à venda em Sympla (aqui), de R$75 a R$150.





