
O que é ser livre? A cinebiografia Homem com H, sucesso nos cinemas e na Netflix, responde a esta pergunta com maestria (e uma dose deliciosa de transgressão). Assinada por Esmir Filho, a obra retrata a trajetória de um dos grandes nomes da arte nacional: Ney Matogrosso. Inteiro, sem censura, de corpo e alma.
Como já escreveu meu amigo Ticiano Osório, é um grande filme.
Goste-se ou não do cantor, o fato é que Ney rompeu padrões e fez história — segue fazendo. O artista ajudou a revolucionar costumes e a questionar preconceitos nesse país continental e conservador chamado Brasil.
Na tela, ele é representado com fidelidade pelo ator Jesuíta Barbosa, arrebatador em cena. Vemos Ney desde menino, apanhado do pai, saindo de casa, servindo na Aeronáutica, assumindo-se gay, subindo pela primeira vez no palco e tornando-se um astro, de cara pintada, figurino extravagante e corpo em evidência.
Mas não é apenas do personagem que quero falar. É do homem por trás da maquiagem. E é curioso: Ney, no dia a dia, é como você vê na foto ali em acima: um homem "comum" de 83 anos. Ao mesmo tempo, ele também é incomum, pelo que representa e pela mensagem poderosa que carrega em si, esteja onde estiver.
Volto a pergunta inicial: o que é mesmo ser livre? Arrisco-me a responder. É ter o direito de ser quem se é, do jeito que quiser. Ney, no palco e na vida, pintado ou não, simplesmente ousou ser livre. E isso é revolucionário.
