
A cantora brasileira Gabriella Di Laccio, nascida em Canoas e radicada há mais de duas décadas em Londres, no Reino Unido, foi homenageada com uma das mais altas distinções concedidas pela Família Real Britânica. A soprano recebeu o título de Member of the Most Excellent Order of the British Empire (MBE) por sua contribuição à música e pela luta por igualdade de gênero.
Anunciada no dia do aniversário do Rei Charles III, no último sábado (14), a honraria reconhece pessoas cujos serviços causam impacto no Reino Unido e no mundo. Entre os artistas que já receberam a condecoração estão nomes como Adele e Ed Sheeran. Neste ano, integram a lista personalidades como David Beckham e Gary Oldman.
No caso de Gabriella, única brasileira no rol, o trabalho vai muito além dos palcos.
Além de ser uma cantora lírica multipremiada (leia mais detalhes abaixo), Gabriella é reconhecida por ter criado, em 2018, a Fundação Donne – Women in Music.
Trata-se de uma plataforma internacional dedicada à visibilidade de mulheres compositoras e à promoção da equidade de gênero na música. O impacto do trabalho levou a gaúcha a figurar na lista das 100 Mulheres Mais Influentes e Inspiradoras do Mundo, da BBC.
Sobre a distinção
O MBE é uma das três principais honrarias concedidas pela monarquia britânica, ao lado do OBE (Officer) e do CBE (Commander). Criada em 1917, a distinção reconhece contribuições excepcionais em áreas como artes, ciência, educação, filantropia e serviço público.
Já foram homenageados artistas como Annie Lennox, Elvis Costello, Emeli Sandé, Victoria Beckham e o maestro Simon Rattle, além de figuras públicas como o jogador Marcus Rashford, reconhecido por sua atuação social.
A condecoração simboliza o compromisso da monarquia com causas que promovem inclusão, diversidade e transformação social.
Sobre Gabriella
Nascida em Canoas, Gabriella Di Laccio se tornou uma força internacional na música e no ativismo social – uma artista cuja missão transcende o palco.
Gabriella carrega consigo não apenas a paixão pela música, mas também um compromisso com a justiça social e a representatividade, que a inspiraram a transformar sua carreira em uma plataforma para o bem comum.
Reconhecida não apenas por sua voz impressionante, mas também por sua liderança transformadora, Gabriella é uma das sopranos mais respeitadas de sua geração. Suas performances, que incluem ópera, oratório e música de câmara, encantam plateias ao redor do mundo. Ela já recebeu prêmios como o Air Europa Classical Act of the Year, Peter Pears Prize e Richard III Prize.
Fora dos palcos, seu trabalho ecoa ainda mais longe. À frente da Fundação Donne - Women in Music, ela lidera uma das mais influentes iniciativas pela igualdade de gênero no setor musical no mundo. Em fevereiro de 2024, organizou o Let HER MUSIC Play, um concerto acústico de 26 horas, 18 minutos e 57 segundos, que entrou para o Guinness World Records como o mais longo dedicado exclusivamente a compositoras mulheres e pessoas não binárias.
Sob sua liderança, a Fundação Donne firmou parcerias estratégicas com Apple Music, Universidade de Oxford, Scala Radio e Royal Albert Hall, além de ter sido reconhecida como organização de referência pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas para os padrões de inclusão do Oscar.
Gabriella também faz parte do livro The Female Lead: 67 mulheres que estão mudando o mundo hoje, ao lado de ganhadoras do Prêmio Nobel da Paz e pioneiras culturais.
Ela foi destaque na capa da edição de primavera de 2024 da Classical Music Magazine, consolidando ainda mais sua posição como uma das vozes mais proeminentes na conversa global sobre música e inclusão.
Recentemente, Gabriella fez parte do documentário Mozart’s Sister. Ela contribuiu com seu conhecimento e pesquisa sobre compositoras, especialmente do passado, e foi destaque no filme. O documentário explora a história de Maria Anna “Nannerl” Mozart, irmã de Wolfgang Amadeus Mozart, e os desafios que enfrentou como compositora mulher em um mundo dominado por homens.
Gabriella também é doutoranda na York St John University, onde investiga como o ativismo performático, a transparência de dados e a ação comunitária podem transformar instituições musicais e promover representatividade. Sua pesquisa propõe modelos práticos para artistas, educadores e líderes culturais que desejam provocar mudanças reais na indústria.