Há cem anos, o I Salão de Outono alçava Porto Alegre ao mapa da produção artística no Brasil. Agora, o evento será tema de uma nova exposição, com abertura marcada para este sábado (7): I Salão de Outono — O centenário de um marco para as artes visuais no Rio Grande do Sul, no Museu de Arte do Paço (Mapa), no antigo Paço Municipal.
Com curadoria de Lizângela Guerra e Paula Ramos, a mostra reunirá cerca de 30 obras originais que integraram a edição histórica de 1925, além de documentos, fotografias, publicações de jornais e uma série de fontes que resgatam o contexto e os impactos do evento.
A visitação é gratuita e seguirá aberta ao público até 11 de julho, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.
Extensa pesquisa
A exposição é resultado de extensa pesquisa iniciada em 2021 e viabilizada por uma campanha de financiamento coletivo, que contou com o apoio de mais de 150 colaboradores de diferentes regiões do Brasil.
Além de obras de artistas consagrados e emergentes do período, o público poderá conhecer registros históricos sobre o evento que mobilizou a imprensa local em 1925 e impulsionou as primeiras tendências modernistas no Estado, como destacou o artista e crítico de arte italiano Angelo Guido (1893 - 1969), que, aliás, é tema de uma outra exposição em andamento na Capital.
Realizado em maio de 1925, o I Salão de Outono — evento jamais visto em Porto Alegre até então — reuniu mais de 300 obras de 68 artistas, profissionais e amadores, no Salão de Honra da Intendência Municipal.
A iniciativa foi organizada por um grupo de jovens artistas e intelectuais que, pela primeira vez, propuseram um salão aberto à diversidade de linguagens artísticas — incluindo pintura, escultura, arquitetura e artes aplicadas.
O sucesso foi imediato: o evento gerou debates acalorados nos jornais, atraiu grande público e repercutiu nacionalmente, especialmente no Rio de Janeiro, então capital da República, provando que havia público na cidade para as artes visuais e contribuindo para inserir o Rio Grande do Sul no mapa artístico e cultural do Brasil.
Entre os nomes que se destacaram estavam Antonio Caringi, Fernando Corona, João Fahrion, José Lutzenberger (pai do ambientalista homônimo), José Rasgado (Stelius), Judith Fortes, Oscar Boeira e Sotero Cosme. Havia também artistas consagrados no Salão, a exemplo de Alfred Adloff, Augusto Luiz de Freitas e Pedro Weingärtner, e de artistas que se ainda consolidavam, como Affonso Silva e Francis Pelichek.
Além de recuperar essa história, a nova exposição traz algumas curiosidades, como um certo “Jack”, misterioso crítico de arte do Salão, que publicou nove textos no recém criado jornal Diário de Notícias, revelando seus “favoritos” e também provocando polêmicas pelo tom irônico e impiedoso com que discutiu uma série de obras.
Serviço
- O quê: I Salão de Outono - O centenário de um marco para as artes visuais no Rio Grande do Sul
- Quando: abertura da exposição no sábado (7), das 10h às 13h; visitação de 9 de junho a 11 de julho de 2025, sempre de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h
- Onde: Museu de Arte do Paço (Mapa), na Praça Montevidéu, 10 – Centro Histórico – Porto Alegre