Carlos Wagner é um desses jornalistas que, quando fala, os colegas param para ouvir. Não só pela verve de velho repórter, mas pela trajetória, pelos prêmios que conquistou e pelos causos que tem para contar. Aos 75 anos, com 45 de carreira, Wagner não só segue na ativa como está lançando um novo livro, que nada mais é do que uma grande reportagem.
Ilustrado com imagens do fotógrafo Emílio Pedroso, o livro A História Perdida das Benzedeiras Gaúchas será autografado no dia 4 de junho, quarta-feira, às 20h, no Salão Nobre da Associação Rio-Grandense de Imprensa (ARI), em Porto Alegre (leia os detalhes abaixo).
O livro é fruto de uma incursão da dupla pelo Estado ao longo de 2024, o ano da enchente. Como nos velhos tempos (eles trabalharam juntos por décadas no jornal Zero Hora), os parceiros pegaram a estrada, percorreram 15 mil quilômetros e superaram obstáculos em busca de depoimentos valiosos.
Wagner e Emílio ouviram mulheres que dedicam a vida a cuidar espiritualmente de gente em busca de alento (para o corpo e a alma). Tiveram uma surpresa ao descobrir que as benzedeiras estão mais ativas do que nunca.
— Elas renasceram na pandemia. A covid deixou um saldo imenso de problemas mentais nas pessoas, que voltaram a procurar as benzedeiras. Elas nunca quiseram competir com os médicos nem com a ciência, mas sempre tiveram o dom de escutar — reflete Wagner.
Da busca em diferentes regiões do Estado, brotaram personagens e trajetórias de vida marcantes, invisíveis na historiografia oficial. Como descreve outro cânone do jornalismo gaúcho, Nilson Mariano, no prefácio da obra, o livro já se justificaria apenas por "expor o trabalho generoso das benzedeiras, mas vai além", mostrando a importância delas "nos cantões aonde o Estado não chega, lá onde as pessoas gemem de dor sem que um especialista as examine".
— O livro resgata essa história como ela merece — conclui Wagner, filho da Dona Loni, que faleceu em 2024, com Alzheimer, e foi, também, uma benzedeira.
A História Perdida das Benzedeiras Gaúchas é uma publicação do selo Bá Editora/Araucária, dos jornalistas Mariana Bertolucci e Antônio Wenzel Luzzato (que assina o projeto gráfico). A obra foi lançada na semana passada, em Encruzilhada do Sul, em um lugar muito especial para o autor: a Escola Municipal de Educação Básica Barão do Quaraí, onde Wagner estudou.
Sobre o autor
- Carlos Wagner tem 75 anos, é formado em Jornalismo pela UFRGS.
- Iniciou a carreira como repórter no jornal O Interior, em Carazinho.
- Trabalhou como repórter investigativo no jornal Zero Hora de 1983 a 2014.
- Recebeu 38 prêmios de Jornalismo, entre eles sete Prêmios Esso regionais.
- Tem mais de 20 livros publicados e, aos 67 anos, foi homenageado no 12º encontro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), em 2017, em São Paulo.
Sobre a obra
Resultado de aprovação da Lei Federal de Incentivo à Cultura, Lei Rouanet, a obra conta com patrocínios do BRDE e Amberflex Soluções Flexíveis, produção da Lisboa e Rocha Consultoria e realização do Ministério da Cultura. Ao todo, 500 exemplares do livro impresso estão sendo disponibilizados gratuitamente à rede pública de ensino, a universidades, a bibliotecas e ao público em geral.
A solicitação do exemplar pode feita pelo e-mail cultural@lisboaerocha.com.br. A partir do dia 8 de junho, a obra estará disponível gratuitamente no formato e-book.
Serviço
- O quê: sessão de Autógrafos do livro A História Perdida das Benzedeiras Gaúchas
- Quando: quarta-feira (4) às 20h
- Onde: no Salão Nobre da ARI, na Av. Borges de Medeiros, 915, 8º andar, em Porto Alegre