Elas são frequentadoras cada vez mais assíduas da bela orla gastronômica de Torres: as capivaras. E não são poucas. O desafio é fazer com que as pessoas entendam que, apesar de "fofas", elas continuam sendo animais selvagens e exigindo respeito.
Desde que o local foi inaugurado, na beira do rio Mampituba, no fim de 2024, o calçadão vem recebendo não apenas turistas e moradores, mas também a visita diária de famílias numerosas de roedores. Basta dar uma caminhada pela região (em qualquer época do ano, inclusive agora) para avistá-las, como nas fotos acima.
No ano passado, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente passou a orientar a população a manter distanciamento seguro dos bichos. Há algumas placas de sinalização no local, alertando para a presença dos mamíferos.
Ainda assim, muita gente ignora os avisos: toca nos animais (em especial os filhotes) e até oferece comida, práticas desaconselhadas por biólogos.
— As capivaras sempre estiveram nas margens do Mampituba, às vezes mais, às vezes menos. A presença delas foi se tornando maior depois da nova ponte para o Passo (Passo de Torres, município de Santa Catarina). Ali surgiu uma prainha, que elas adoraram — recorda o biólogo Christian Linck, presidente da ONG Onda Verde.
Desde então, com a urbanização da orla, repleta de bares e restaurantes (um novo ponto turístico do Litoral Norte), a relação com humanos se tornou ainda mais próxima. É bonito de ver os bichos soltos no lugar, mas a percepção de que são mansos tem levado pessoas a extrapolar os limites, ainda que com boas intenções.
— Já vi criança tirando foto praticamente abraçada em uma capivara, o que é um risco. Ela pode morder e arrancar um dedo e pode também ser um vetor de doenças, inclusive por meio de carrapatos — adverte Linck.
É evidente que faltam ações de educação ambiental no local, mas, no fundo, há algo mais simples, que jamais deveria ser esquecido, como lembra Alexis Sanson, do movimento Praia Limpa Torres:
— Urbanizamos áreas que, na verdade, sempre foram território das capivaras. As pessoas têm de ter essa consciência e têm de conviver em harmonia com elas.
A palavra-chave é respeito.