Ainda dá tempo de reverter o maior atentado já imposto à legislação ambiental brasileira. A pergunta é: terá a Câmara dos Deputados vontade política e lucidez para corrigir a sucessão de equívocos do Senado, ao aprovar o PL da Devastação? Ou os deputados farão ouvidos moucos aos ecos do fim do mundo?
Parece roteiro de filme ruim, mas é a mais dura realidade.
Na véspera do Dia da Biodiversidade, no ano da COP30 no Brasil, em meio a eventos climáticos cada vez mais extremos, a maioria dos senadores — incluindo dois gaúchos, Hamilton Mourão e Luiz Carlos Heinze — aprovou o projeto de lei que estende o tapete para a destruição de ecossistemas.
É uma vergonha. Vai na contramão do mundo, dos alertas dos cientistas e do colapso ambiental em curso.
Quem fala aqui não se enquadra na categoria dos "ecochatos". Entendo que não só é possível como é vital unir desenvolvimento e cuidado com o meio ambiente — as coisas precisam caminhar juntas, porque de nada adiantará o autolicenciamento ambiental (ou o licenciamento ambiental expresso, como queira) se não houver condições de vida na Terra.
É exagero? Não, quando o aumento anormal da temperatura média do planeta já é uma realidade. Estamos próximos do ponto de não retorno. Não existe planeta B, mas parece que muita gente ainda não se deu conta disso.