
O relatório que investigou o motivo da queda da aeronave que caiu no Guaíba em outubro de 2022 aponta que o piloto fez manobras acrobáticas antes do acidente. O documento foi publicado na terça-feira (13).
Segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB), houve perda de controle em voo. Em determinado momento do percurso, o ultraleve iniciou movimentos amplos. Alguns segundos depois, houve a perda de controle na região entre os bairros Ponta Grossa e Ipanema.
"Levando-se em consideração o perfil psicológico do piloto, associado às informações obtidas das memórias não voláteis e aos destroços da aeronave, pode-se concluir que PIC (piloto em comando) executou variações amplas nos comandos de voo compatíveis com a realização de manobras acrobáticas, resultando na perda de controle da aeronave, a qual descreveu uma trajetória descendente até a colisão contra o Lago Guaíba" diz um trecho do documento.
O veículo era guiado pelo empresário Luiz Cláudio Petry, que morreu no acidente. Ele iniciou voo às 17h45, partindo da pista de Fazenda Jacuí, em Eldorado do Sul. A viagem foi interrompida seis minutos depois.
Ele pretendia seguir até o Aeroclube de Belém Novo. Depois de três dias de buscas, o corpo foi localizado a dois quilômetros do local onde o ultraleve caiu.
Durante a investigação feita pelo Cenipa, Petry foi descrito como uma pessoa responsável, organizada e cuidadosa. Porém, em alguns momentos, deixava transparecer um excesso de confiança em suas capacidades de pilotagem.
Ele havia comprado a aeronave meses antes do acidente. Relatou a conhecidos que estava feliz por adquirir um modelo de avião projetado para acrobacias e empolgado por pilotar uma aeronave de grande potência. No entanto, fora alertado sobre os riscos associados à realização de acrobacias em aviões experimentais.
Embora demonstrasse fascínio por voos acrobáticos e manobras mais arriscadas, não há relatos de que ele tenha realizado na presença de pessoas conhecidas.
Outros detalhes
Os investigadores concluíram que Petry possuía licença e habilitação em vigor. Porém, não foi possível determinar se o piloto estava qualificado para realizar o voo em questão.
A documentação do avião estava dentro da validade. Mas a Comissão de Investigação não conseguiu descobrir quando foi feita a última inspeção e revisão geral da aeronave.
Em 2022, o veículo havia recebido um motor superior. Porém, devido ao acidente, não foi possível realizar qualquer tipo de teste para verificar o seu correto funcionamento.
Também não foram identificadas restrições meteorológicas no momento do voo. As transcrições dos áudios de comunicação entre o piloto e os órgãos de controle não demonstraram anormalidade técnica de equipamentos de comunicação durante o deslocamento.