
Parte do trecho da ferrovia gaúcha, no Vale do Taquari, que liga os municípios Guaporé, Dois Lajeados, Vespasiano Corrêa e Muçum, será recuperada. O investimento será feito pela Rumo, que gerencia a linha férrea no Rio Grande do Sul, em parceria com a empresa que desenvolve o projeto Trem dos Vales.
Serão recuperados 16 dos 42 quilômetros atingidos que sofreram menos impacto na enchente. A previsão da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) é que será necessário investir R$ 6 milhões.
A parceria entre as empresas já está costurada. Falta a anuência da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT). Ainda não há prazo para início e término das obras.
A coluna buscou contato com o diretor-presidente da ABPF, mas ele não retornou o contato. Nesta semana, Marlon Ilg esteve reunido com o vice-governador Gabriel Souza para informar sobre o investimento.
Souza havia apresentado uma proposta para o governo federal a fim de que a Rumo devolvesse esse trecho. Dessa forma, o investimento para recuperar a linha seria feito por uma empresa privada.
Segundo o vice-governador, seriam necessárias obras em 23 quilômetros da ferrovia para consertar principalmente danos da enchente. O custo projetado chegaria a R$ 100 milhões.
Depois da enchente
A malha ferroviária gaúcha é de responsabilidade da iniciativa privada desde 1997. O trecho da concessão tinha 3,8 mil quilômetros. Caiu para 1,6 mil devido à falta de investimento.
Depois da enchente, a situação piorou ainda mais. Somente 921 quilômetros estão em uso.
A linha está ativa entre as cidades de Ijuí e Rio Grande. Nela são transportados soja, trigo, farelo e fertilizante. O contrato que a Rumo tem com a Agência Nacional dos Transportes Terrestres vai até fevereiro de 2027.
Segundo o que apurou a coluna, o seguro obrigatório feito pela Rumo será usado para garantir um pouco da reconstrução das vias atingidas pela enchente. Serão repassados até R$ 300 milhões. O montante não chega nem perto dos mais de R$ 3 bilhões apontados como necessários.
O governo federal ainda não decidiu se esse recurso será usado para reerguer pontes ou se aceitará o dinheiro para colocar como investimento na próxima concessão. Também não foi batido o martelo se o atual contrato será prorrogado ou se haverá uma nova licitação.
30 anos
De 1997 a 2005, o controle da malha ferroviária gaúcha era feito pela América Latina Logística (ALL). Depois disso, a empresa foi comprada pela Rumo Logística, que assumiu a responsabilidade da operação. O trecho gaúcho está dentro da Malha Sul, que possui 6,5 mil quilômetros também em Santa Catarina, Paraná e São Paulo.