
Não durou nem dois anos a ideia de construção de uma linha de trem entre Arroio do Sal, no Litoral Norte, e Terra Roxa, no oeste do Paraná. A empresa Doha Investimentos e Participações de Porto Alegre desistiu do projeto.
Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o grupo interessado não manifestou mais interesse na busca pelas autorizações necessárias. A proposta surgiu em agosto de 2023.
A tramitação desse processo ficou temporariamente suspensa por necessidade de avaliação dos impactos de recentes mudanças na legislação. No ano passado, a agência autorizou a retomada das análises e notificou a empresa para apresentar complementações à sua solicitação.
A ideia era construir 1.549 quilômetros de estrada de ferro. Depois disso, a empresa poderia administrar o trecho pelo período de 99 anos.
A Doha, que diz ser formada por investidores russos, é a mesma que ingressou, em outubro de 2020, com uma licença, junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Arroio do Sal, para a construção do porto meridional. Segundo GZH, fontes ligadas ao setor afirmam que o grupo pretendia unicamente demarcar o traçado e especular com vistas em negociações futuras, mas sem o interesse real de levar a obra adiante.
Já a construção do novo porto do Rio Grande do Sul envolve a empresa DTA Engenharia, que foi autorizada a desenvolver o projeto. Um contrato foi assinado com o governo federal e concedeu à empresa o direito de implantar o projeto, concluindo o processo prévio de autorização junto aos órgãos responsáveis.
— O porto meridional tem sua viabilidade ancorada no transporte rodoviário, prevendo condições para recebimento de um futuro acesso ferroviário. Mas esse projeto de ferrovia precisa ser bem estruturado e provavelmente terá sinergia com a renovação da concessão da Malha Sul — destaca o diretor da DTA, Daniel Kohl.
Obras em 2026
O porto deve ter capacidade anual para movimentar cerca de 5 milhões de toneladas de carga sólida e a granel, 800 mil toneladas de cargas líquidas, 1,8 mil toneladas de cargas gerais e 300 contêineres. Há previsão de início das obras em 2026.
Defensores do projeto destacam que o porto irá facilitar o transporte de cargas e impulsionar o desenvolvimento econômico e social da região. Durante sua fase de construção, o empreendimento deverá gerar mais de duas mil oportunidades de trabalho.
A proposta também desperta críticas de autoridades e de empresários vinculados ao porto de Rio Grande, que questionam as vantagens e a viabilidade da iniciativa. Ambientalistas também têm se mostrado preocupados com impactos sobre a natureza em uma zona sensível.