
Lajotas quebradas, desencontradas e mal assentadas. Assim eram as ruas do Quadrilátero Central, em Porto Alegre. A revitalização que está sendo realizada — e que, diga-se de passagem, está muito atrasada — está deixando as vias mais funcionais.
O piso de concreto é mais resistente que o anterior. Ele também é mais fácil de ser consertado. As ruas ganharam paver — um tipo de paralelepípedo — em vez de asfalto, o que evita o acúmulo de água da chuva.
O que não ficou bom é o tipo diferente de calçamento na Rua dos Andradas. A Secretaria Municipal da Cultura pediu que algumas lajotas antigas — que não têm valor histórico — fossem preservadas, para que as pessoas pudessem ver como era o piso anterior. Essa proteção deixou a rua feia, sem um padrão visual.
Segundo a Secretaria Municipal de Obras, essa tonalidade diferente vai ficar mais sutil quando o piso podotátil, os bancos e o ajardinamento estiverem todos instalados na obra. Claro, seria muito melhor se a obra também fosse bonita. Mas, hoje, o calçamento da Andradas, por exemplo, é muito mais funcional e seguro do que o anterior.
Outra coisa que precisa ser avaliada é que a obra ainda não está pronta. Então, não é possível opinar definitivamente sobre quão boa a revitalização ficará.
Aliás, esse é o tipo de obra que nunca estará pronta. Sempre será necessário fazer intervenções, pois as ruas do centro recebem milhares de pessoas e carros por dia, causando um desgaste natural do mobiliário.
Não estou dizendo que a obra é 100% perfeita. Não é mesmo. Estou dizendo que entendo por que ela não é. Essa é uma obra que a prefeitura vai precisar seguir fazendo correções todos os dias, mesmo ao final das obras.
Ela é diferente da reforma da Usina do Gasômetro, da orla do Guaíba ou da Praça da Matriz, onde a prefeitura instala tapumes no entorno, executa o que precisa fazer e depois abre o espaço para uso da população. No centro, a prefeitura arruma uma lixeira ou um calçamento num dia, libera, e no outro já pode haver um novo problema, sem contar os casos de vandalismo.
E se a prefeitura deixar de fazer as correções, um mês depois já vai estar tudo depredado, quebrado, pichado e mal cuidado. Que ela esteja preparada.
A obra, que começou custando R$ 16 milhões, já está orçada em R$ 24,6 milhões. Os trabalhos foram iniciados em junho de 2022 e deveriam ter sido finalizados em dezembro do ano seguinte. Recentemente, a prefeitura anunciou que a revitalização será totalmente concluída em agosto, o que eu duvido que aconteça.