
Em quatro décadas de jornalismo nunca vi uma Semana Santa com tanta violência contra as mulheres. O Rio Grande do Sul registrou 10 feminicídios em quatro dias, de 18 a 21 de abril, chocando a população e chamando a atenção para o tipo de delito que as polícias têm mais dificuldades de resolver no momento. Isso porque é muito difícil de prevenir, por ser gestado dentro de quatro paredes, na intimidade do lar, onde o patrulhamento policial não alcança.
É difícil, mas não é impossível, tanto que a Secretaria estadual da Segurança Pública (SSP) acaba de impulsionar a realização de pedidos de medida protetiva via internet por parte de mulheres ameaçadas. A Polícia Civil também trocou a direção do departamento responsável pelas Delegacias da Mulher, com promessas de agilidade nos atendimentos. Muitas mulheres vinham desistindo de registrar queixas contra os agressores, por enfrentarem filas no atendimento policial. A ideia é também reforçar as patrulhas Maria da Penha, feitas pela BM.
A Semana Santa sangrenta nos fez pesquisar como estão as estatísticas de feminicídio este ano no Rio Grande do Sul. E a notícia é boa: a tendência ao longo deste ano é de queda nesse tipo de homicídio (e nos demais delitos). Foram 27 mulheres assassinadas até o início da última semana de abril. Caso a proporção permaneça, a tendência é que 2025 termine com número similar de feminicídios ao de 2024, que teve 72 crimes deste tipo.
Já se sabe que a estatística de feminicídios de abril será maior que a do mesmo mês no ano passado. Culpa da Semana Santa fatídica. A preocupação das autoridades é garantir que, com aceleração de procedimentos protetivos e nova gestão, a curva estatística de feminicídios volte a descer.
A esperança de que isso aconteça está baseada nos números de anos recentes, em que a tendência predominante é de queda nos feminicídios (salvo picos eventuais). Confira as estatísticas da SSP:
ANO FEMINICÍDIOS NO RS
2018 116
2019 97
2020 80
2021 96
2022 111
2023 85
2024 72
É um desafio e tanto. Até porque estatística pouco representa para quem é ameaçada. Mas é bom saber que esse tipo de homicídio está no topo das preocupações das autoridades. Que assim continue.