
O assaltante gaúcho Guilherme Costa Ambrózio, 41 anos, morreu como viveu, de arma em punho. Ele portava uma pistola Glock com carregadores para mais de 30 projéteis quando foi morto, em troca de tiros com policiais civis de São Paulo, na tarde de sexta-feira (5). Os agentes cumpriam um mandado de prisão contra ele no bairro Jabaquara, capital paulista, e relatam terem sido recebidos a tiros.
No forro da residência, os policiais civis da Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio (DISCCPAT) encontraram capacetes camuflados, uniformes falsos da Polícia Federal (PF) e um arsenal com sete armas de guerra. Entre eles, fuzis russos, norte-americanos e duas armas pesadas: fuzis calibre .50 usados para perfurar blindados e até carros de combate.
Um dos fuzis é um Barrett M82, idêntico ao manuseado pelos bandidos que assaltaram um avião carregado de dinheiro no aeroporto Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul, na noite de 19 de junho. A quadrilha levou R$ 30 milhões, no maior roubo da história gaúcha. Desse total, metade foi recuperada numa caminhonete tripulada por um assaltante morto em confronto com vigilantes bancários, na mesma noite.
A suspeita de que Ambrózio seja um dos líderes do roubo milionário em Caxias do Sul é corroborada por várias pistas. Primeiro, pelos uniformes e pelo arsenal encontrados: idênticos ao material usado no ataque na Serra. Só alguém com status de chefia poderia guardar tanto equipamento da quadrilha. Segundo, pelo perfil do bandido, que fez fama no submundo ao se envolver no "novo cangaço", tipo de assalto em que bandos de criminosos dominam uma cidade para cometer roubos (atacam postos policiais, cortam a energia, explodem estabelecimentos comerciais e bancários, fazem reféns). Ele era procurado por esse tipo de crime desde 2010, com destaque para ataques em Cordeirópolis e Cosmópolis (SP).

Conforme um dos que descobriram o arsenal, o delegado Pedro Ivo Corrêa dos Santos, da DISCCPAT do Departamento de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil paulista, Ambrózio estava com prisão preventiva decretada por um dos maiores assaltos desse tipo, realizado em Guarapuava (PR) em 2022. Na ocasião, morreu um PM, assim como em Caxias do Sul. Ele já tinha sido preso no Paraná em 2017, com um carro cheio de dinheiro (R$ 228 mil em espécie) e documentos falsos. Aliás, ao ser morto esta semana, ele portava quatro identidades falsificadas.
Por último, pelo fato de Ambrózio ser gaúcho e ter vasto conhecimento da região da Serra, onde era procurado por ataques a carros-fortes e bancos. Em um deles, em maio de 2017, a quadrilha de que o suspeito fazia parte explodiu um blindado de transporte de valores no quilômetro 170 da BR-116, no distrito de Vila Cristina (Caxias do Sul). Em março do mesmo ano, o bando é suspeito de ter atacado um outro carro-forte na BR-116, em Vacaria. Pelo primeiro caso ele era réu. No segundo, foi indiciado, mas não virou réu. Ambrózio também é apontado como um dos autores de explosão de uma agência do Banrisul em Campestre da Serra em abril de 2017.
Ambrózio era suspeito do assalto em Caxias do Sul, mas não tinha prisão decretada por esse crime, por ainda faltarem provas decisivas. Agora o arsenal apreendido em São Paulo com ele será periciado, para verificar se foi usado no roubo na Serra.
- A troca de informações entre diferentes agências de segurança e órgãos públicos e privados é que permitiu chegarmos a ele. Nesse fortalecimento na repressão a crimes violentos - ressalta o delegado Pedro Ivo.