
A combinação de geada e baixas temperaturas registrada ao longo da semana não é, neste momento, um fator de preocupação para o trigo. Principal cultura da safra de inverno no Rio Grande do Sul, o ciclo do cereal teve, no entanto, impacto de outro fator climático: a chuva. As precipitações e o excesso de umidade acabaram impedindo o avanço do plantio.
Conforme o boletim semanal da Emater divulgado nesta quinta-feira (3), 50% da área total estimada para o trigo foi semeada. São 19 pontos percentuais abaixo do mesmo período da safra passada e 30 pontos percentuais aquém da média dos últimos cinco ciclos.
— O que mais atrapalhou a semeadura foram a chuva e o excesso de umidade. O que precisamos agora é de um período sem chuva para se desenvolver de forma adequada — explica Gilberto Cunha, pesquisador da Embrapa Trigo.
A avaliação semanal da Emater projeta que o tempo seco, aliado às temperaturas mais baixas, deve favorecer a intensificação do plantio dentro prazo estabelecido pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC). E permitirá a retomada de tratos culturais, como o controle de plantas daninhas e a aplicação de adubação nitrogenada.
— O frio, neste momento, é um fator muito importante, elimina as plantas remanescentes das culturas de verão — explica Alencar Rugeri, assistente de culturas da Emater.
Em outras palavras, na atual etapa de desenvolvimento, as baixas temperaturas são bem-vindas, exercendo esse papel de eliminação de pragas.
— É a época do frio — reforça Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS.)
É mais para a frente no ciclo, que a ocorrência de geada pode trazer problemas para a cultura — usualmente, as que ocorrem em meados de setembro.
A projeção inicial feita pela Emater indica que o trigo deve ocupar um espaço de 1,2 milhão de hectares nesta safra de inverno. A produtividade, por sua vez, tem estimativa de 2.997 quilos por hectare.