
Os Estados Unidos podem não ter o gigantismo do chinês na balança comercial do agro brasileiro, mas são parceiros igualmente da primeira ordem de importância. No ano passado, a receita das exportações do setor para os americanos alcançou US$ 12 bilhões, representando 7,35% do total. Ficam na terceira posição entre os maiores compradores, se considerada a União Europeia como destino único.
Representatividade à parte, a grandeza numérica do percentual anunciado, de 50%, é motivo claro de preocupação. No caso do agro, há exposições maiores em alguns produtos do que em outros. O tarifaço também "bate" de jeitos diferentes para o segmento no país e no Rio Grande do Sul, em razão dos principais produtos da pauta para esse destino.
— Para a maioria dos produtos é uma tarifa proibitiva, que os torna não competitivos — pondera Renan Hein dos Santos, assessor de Relações Internacionais da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Na pauta brasileira, produtos florestais, café, carnes, sucos e itens do setor sucroalcooleiro estão entre os mais importantes. Na gaúcha, produtos florestais, fumo, couros, produtos de couro e peleteria, de origem animal e carnes.
Uma lupa nesses grandes grupos expõe pesos mais e menos significativos. O setor apícola brasileiro tem no mercado americano fatia de 75% das exportações. Considerando o recorte do RS, esse percentual é de 50%, apenas para citar um exemplo.
Entidades do agro se manifestaram sobre a medida. A Associação Brasileira das Indústria Exportadoras de Carnes (ABIEC) pontuou, em nota, que "qualquer aumento de tarifa sobre produtos brasileiros representa um entrave ao comércio internacional e impacta negativamente o setor produtivo da carne bovina".
Reforçou, ainda, "a importância de que questões geopolíticas não se transformem em barreiras ao abastecimento global e à garantia da segurança alimentar, especialmente em um cenário que exige cooperação e estabilidade entre os países".
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) se disse preocupada com a decisão e acrescentou que a medida "representa um alerta ao equilíbrio entre as relações comerciais e políticas entre os dois países".

