
A quarta-feira (18) é um dia de grande expectativa para o Rio Grande do Sul e para o Brasil. Na data, termina o vazio sanitário, período de 28 dias após a desinfecção da granja onde houve a confirmação do primeiro foco da gripe aviária em rebanho comercial. Se a janela terminar sem nenhum novo registro, em áreas de atividade profissional, o país poderá buscar junto à Organização Mundial de Saúde Animal a retomada do status sanitário. E a partir daí, tentar vencer as suspensões de compra impostas ao frango brasileiro.
Independentemente do desfecho, desse episódio específico, ficam lições importantes. A primeira e mais valiosa, a de que o vírus deixou de ser algo abstrato para ganhar materialidade.
Com essa realidade, vieram também pontos a serem destacados. O Brasil conduziu a situação com agilidade, sincronia entre as esferas estadual e nacional e transparência nas informações prestadas, dentro e fora de casa.
— Demorou mais de dois anos, após o registro em aves silvestres, para o vírus chegar na atividade comercial. Além disso, conseguimos fazer com que não se espalhasse. Isso mostra seriedade, transparência e que estamos preparados para enfrentar — avalia Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Ele destaca o engajamento das autoridades para tratar da questão e lembra que o Rio Grande do Sul contou com uma expertise de gestão de crise, após o foco da doença de Newcastle, no ano passado. Márcio Madalena, secretário-adjunto da Agricultura do Estado, acrescenta que o Estado também tinha a experiência do foco em aves silvestres, em 2023.
— Aproveitamos esses episódios para treinar as atividades de vigilância. Quando realmente precisou aplicar, o pessoal já estava familiarizado — afirmou à coluna Rosane Collares, diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da pasta da Secretaria da Agricultura.
Santin acrescenta que os Estados Unidos, maior produtor mundial de frango, teve de abater mais de 180 milhões de aves nos últimos três anos em razão da gripe aviária. A Polônia, na Europa, mais de 11,5 milhões de janeiro a maio deste ano. No caso de Montenegro, no Estado, foram 17 mil aves (entre as afetadas pela doença e as sacrificadas).
Na relação do que pode ficar melhor está a padronização do nível do serviço em todo o país. A forma como o RS conduziu a situação do ponto de vista sanitário é considerada um modelo a ser seguido em outras unidades da federação.
— Fica também o exemplo de que outras cadeias produtivas devem se preocupar com protocolos de biosseguridade — diz o secretário-adjunto de Agricultura.
O presidente da ABPA fala ainda em "agir com biosseguridade todos os dias", ou seja, transformar em ação constante os cuidados que ajudam a manter a doença fora dos planteis. Isso inclui a realização, por exemplo, de simulados. Tudo para garantir que o Brasil possa seguir tendo a confiança global, que o torna o maior exportador da carne de frango.
— Entramos agora em uma etapa crucial para a retomada dos mercados e a retirada das restrições. Por isso, solicitamos aos órgãos oficiais e seus dirigentes para que conduzam uma negociação firme, pautada na assertividade das ações executadas no Rio Grande do Sul, que conseguiram conter a disseminação da influenza — reforça José Eduardo dos Santos, presidente-executivo da Organização Avícola do RS.