A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Ela lembra a canola, mas é uma nova aposta para o campo gaúcho. Originária da Etiópia, a carinata — uma oleaginosa ainda pouco conhecida no Brasil — vem ganhando espaço como alternativa de cultivo na safra de inverno. No Rio Grande do Sul, a expectativa é de que a área plantada dobre em 2025, passando de 5 mil para 10 mil hectares, segundo a Nufarm Seeds, empresa australiana responsável por introduzir a cultura no país.
Gerente do negócio, Philipp Minarelli elencou à coluna alguns fatores que têm estimulado o plantio no Estado:
— É uma alternativa rentável e versátil. A carinata precisa 40% menos água do que o trigo e suporta até -6°C.
Outro atrativo para o produtor é a compra garantida viabilizada pela Nufarm Seeds. Atualmente, toda oleaginosa semeada no Brasil é exportada para a British Petroleum, na França e na Bélgica, onde se transforma em biocombustível para aviação — demanda crescente, aliás, do setor aéreo, que busca soluções com menor emissão de carbono.
Além disso, no último ano, a média de pagamento da carinata variou em torno do preço da soja balcão, chegando em alguns casos a pagar até 110% do valor da soja — grão considerado bastante remunerador ao produtor.
Alencar Rugeri, assistente técnico em culturas da Emater, tem percebido esse movimento no campo: o de retomada ou, neste caso, de surgimento de novas culturas:
— O Rio Grande do Sul vive um momento de ajustes, essa é a percepção que se tem. Em razão de dificuldades nos últimos anos (estiagem e chuva excessiva), o produtor começa a tentar outras culturas, buscar alternativas.
A Emater do Rio Grande do Sul já iniciou um levantamento da cultura da carinata e uma capacitação dos técnicos. Além disso, foram instalados em oito das 12 regiões delimitadas pela instituição unidades de referência técnica com o cultivo.
No Estado, as lavouras estão concentradas nas regiões de Santa Rosa, Cruz Alta e São Borja. Há também registro de sete hectares em Nova Prata, onde a Coopercampos, de Santa Catarina, tem incentivado o plantio.
A carinata no Brasil
Os testes no Brasil com a oleaginosa iniciaram em 2022, e o cultivo vem ganhando escala ano após ano. Atualmente, a carinata está sendo cultivada em sete Estados brasileiros, com destaque para Mato Grosso do Sul (11 mil hectares), Goiás (3 mil hectares) e Mato Grosso (2,5 mil hectares), além do Rio Grande do Sul. Só no Rio Grande do Sul, a meta da Nufarm Seeds é alcançar até 40 mil hectares nos próximos dois anos, além de expandir a produção para o Matopiba e o Nordeste a partir de 2026.
A empresa também tem planos de fomentar o esmagamento do grão no Brasil, a fim de exportar o produto pré-manufaturado. Além disso, tem como meta produzir localmente o biocombustível de aviação usando a carinata, a partir de 2028.