
A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Discreta, mas essencial para a preservação da espécie, a semente do butiazeiro — que dá origem ao butiá — carrega mais do que potencial de vida. Ela também guarda um problema crescente que vinha sendo passado despercebido no campo. Um estudo inédito, conduzido por pesquisadores do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria Estadual da Agricultura, identificou as duas espécies que vêm colocando em risco o futuro dos butiazais, já ameaçados de extinção: os besouros Pachymerus bridwelli e Revena plaumanni.
Esses insetos atacam diretamente as sementes do butiazeiro, comprometendo a sua única forma de reprodução — a germinação das sementes. Em algumas plantas, mais da metade delas está sendo destruída pelas larvas desses besouros. O que prejudica a produção de mudas e a regeneração natural das áreas nativas de butiazais.
— Até então, sabia-se apenas da existência de uma larva, mas não se conheciam os insetos adultos, muito menos seus nomes e seus ciclos biológicos — explica o pesquisador Adilson Tonietto, líder do estudo.
Segundo ele, a fêmea do inseto deposita seus ovos nas flores femininas do butiazeiro, às vezes no dia seguinte à abertura da inflorescência — um detalhe importante que pode ser a chave para estratégias de controle. Com a identificação das espécies, o próximo passo, agora, segundo Tonietto, será o estudo de controle químico ou biológico desses insetos.

Desde 2008, o Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria desenvolve pesquisas com butiazeiros. Inicialmente voltadas à preservação dos butiazais por meio do extrativismo, as ações mais recentes buscam, agora, fomentar a formação de pomares comerciais, com mudas obtidas por sementes.