
Campeão mundial na produção e na exportação de soja, o Brasil ainda tem um grande avanço pela frente quando o assunto é a conectividade das lavouras. Um levantamento feito pelo ConectarAGRO em parceria com a Universidade Federal de Viçosa mostra que a cobertura móvel 4G ou 5G está presente em apenas 33,1% das áreas de cultivo do grão no país. No Rio Grande do Sul, o percentual fica acima: 46,05% dos 6,28 milhões de hectares plantados.
E, dentro do Estado, um dos municípios que se destaca, na combinação entre tamanho de área e percentual de conectividade, é Cruz Alta, no Noroeste, com 56% da soja "conectada".
No capítulo dedicado ao RS, a pesquisa menciona "um sistema produtivo avançado e forte presença de cooperativas", com destaque na produção exportação do grão. E aponta que "combina um sistema produtivo robusto com desafios de infraestrutura digital, especialmente no Interior".
Outro ponto trazido pelo estudo é o de que há desigualdades entre Estados e regiões. Os maiores índices de conectividade estão concentrados no Sul e no Sudeste. São Paulo tem 68,8%, e Paraná, 72%. Em contrapartida, no Norte e no chamado Matopiba (partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) a cobertura em muitos casos é de menos de 15%.
— A limitação não está na tecnologia disponível, mas na infraestrutura de acesso. Conectar o campo é garantir que a evolução digital alcance todos os produtores, de todas as culturas, regiões e tamanhos — afirmou Paola Campiello, presidente da ConectarAGRO, associação civil sem fins lucrativos que trabalha para a ampliação do acesso à internet nas áreas remotas do país.
O efeito da baixa conectividade aparece na eficiência das lavouras, uma vez que a cobertura móvel precária limita a adoção de soluções digitais e tecnológicas.