
A necessidade (e o interesse) de compra de arroz, com ferramenta e quantidade a serem definidas. Foi o que saiu da reunião interministerial realizada nesta quarta-feira (11) em Brasília com representantes de produtores e indústria. A agenda havia sido definida após encontro realizado na superintendência regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em Porto Alegre na semana passada. No centro da questão está a preocupação com o recuo acelerado nas cotações e a falta de liquidez.
— Há disposição de fazer (a compra), vamos estudar o mecanismo e a quantidade — disse à coluna o presidente da Conab, Edegar Pretto.
Os contratos de opção de venda, que no ano passado, em outro cenário de preços, foram lançados e tiveram baixa procura, neste momento são apontados como o formato de compra a ser buscado. A ferramenta prevê o pagamento por saca do valor mínimo, acrescido de 20% e mais o preço de carregamento. Para isso, no entanto, é preciso alocar recursos.
O principal temor de produtores e indústria é de que a combinação entre a queda acentuada de preços e a falta de liquidez se convertam em desestímulo e consequente redução da área cultivada na próxima safra.
— Saímos preocupados se o governo fará algum movimento que realmente traga alguma perspectiva aos produtores — ponderou Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS).
O dirigente explica que ficou entendido que há duas questões a serem resolvidas. Uma é em relação à necessidade imediata, para a safra colhida, e a outra, em relação à próxima:
— Com esse preço, e o estoque de passagem, temos um problema agora e no ano que vem.
O mecanismo solicitado para este momento tem como objetivo fazer frente ao recuo nas cotações. Para se ter uma ideia, só nos 10 primeiros dias de junho, a redução foi de 5,73%, com a saca fechando esta quarta (11) em R$ 66,61. A título de comparação, o valor médio em junho de 2024 foi de R$ 114,5, conforme o indicador Cepea/Irga.
— A indústria tem reiterado a importância do equilíbrio de preços como condição essencial para a sustentabilidade da cadeia como um todo. Diante do cenário atual, manifestamos nossa preocupação com a situação do setor produtivo e reforçamos nossa convicção de que o diálogo entre o público e o privado é o melhor caminho para fortalecer a valorização desse alimento básico, essencial à segurança alimentar do país — disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Arroz (Abiarroz).