
A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Principal cultura de inverno no Estado, o trigo deve ter uma área plantada quase 10% menor nesta safra, se comparado com a passada. Em números, são estimados 1,2 milhão de hectares plantados. Essa foi uma das projeções divulgadas nesta segunda-feira (16) pela Emater, durante a apresentação do primeiro levantamento da produção de grãos da estação mais fria do ano.
As condições climáticas, de baixa luminosidade e excesso de umidade no solo durante o plantio, e a dificuldade de acesso a crédito, em razão da escassez de recursos do Plano Safra e do endividamento rural, estão entre os fatores que influenciaram o produtor a optar por um espaço menor para o cereal dentro da propriedade neste ano. De acordo com o diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera, essa soma de fatores influenciou no planejamento da safra:
— O agricultor planeja, e o resultado econômico é bastante importante nesse planejamento.
Presidente da Emater, Luciano Schwerz também apontou "uma dificuldade a mais" em algumas regiões produtoras em razão dos "sucessivos encaminhamentos de seguro" por problemas climáticos:
— Os produtores estão com custos elevados, endividados e precisam estar motivado para poder tocar em frente. Esse cenário é uma bola de neve.
É por isso que, na avaliação de Hamilton Jardim, diretor e coordenador da Comissão do Trigo e Culturas de Inverno da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), a queda deve ser ainda maior:
— A área não deve chegar a 1,1 milhão de hectares. Na região das Missões, por exemplo, onde estou, a redução é assustadora.
E, além do clima e do aspecto financeiro, cita também o preço e a cobertura do seguro como outros dois empecilhos para o crescimento em área neste ano.
A produção gaúcha de trigo, no entanto, não deve registrar a mesma variação negativa projetada para a área. Em volume colhido, a Emater estima uma diminuição de 3%, chegando a 3,6 milhões de toneladas.
Ainda que as condições climáticas possam preocupar, o meteorologista Flavio Varone, Coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro) da Secretaria Estadual da Agricultura, adiantou que a tendência apontada pelos prognósticos climáticos por ora é de um inverno dentro da normalidade climática no Estado:
— Sem La Niña ou El Niño.
Outras culturas
Apesar da redução de 10 pontos percentuais no trigo, na produção total de grãos de inverno no Estado, o cenário deve ser diferente. A Emater estima que, em área, ocorra uma diminuição menor, de 2,8% nesta safra, totalizando 1,8 milhão de hectares. Em volume, a projeção é de um crescimento de 2,2%, com 4,9 milhões de toneladas. Na avaliação de Baldissera, reflexo da contribuição de culturas como a aveia branca e a canola, que devem crescer, tanto em área, quanto em produção neste ano.
Na aveia branca, a Emater calcula uma área de 401,3 mil hectares, crescimento de 8,9%, e uma produção de 904,4 mil toneladas, alta 11,8%. Já na preta, a projeção é de 252,4 mil hectares, área 6,5% maior.
Na canola, a previsão é de uma área de 203,2 mil hectares, um crescimento de 37,4%. Em produção, o volume esperado é de 352,9 mil toneladas, alta de 69%.
Além do trigo, outra cultura de inverno que deve sofrer redução, tanto em área, quanto em volume, é a cevada. A Emater projeta 27,3 mil hectares nesta safra, número 22% menor. E 87,4 mil toneladas, volume 20% menor.