A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Já adiantamos: é mais complexo do que pedir para o ChatGPT fazer um vinho. O que a coluna provou em taça é uma combinação de machine learning com análise matemática — e uvas, claro, — que resultou em uma bebida tinta encorpada e com muito sabor. É o IA, o primeiro vinho gaúcho feito 100% com inteligência artificial e que pode ser conhecido na 5ª edição da Wine South America, em Bento Gonçalves, na Serra, até esta quinta-feira (8).
Engenheiro de computação da Casa Tertúlia, de Três de Maio, no noroeste do Estado, Gabriel Hilgert explicou à coluna que a ideia de inserir a tecnologia na elaboração do vinho surgiu de uma inquietação sua:
— Comecei a me perguntar: qual seria o melhor corte possível feito a partir dos vinhos que a nossa vinícola tinha? Será que conseguiríamos saber?
Hilgert, então, decidiu testar a ideia. Criou um sistema de algoritmos capaz de identificar a estrutura físico-química dos vinhos e quais obtiveram um bom desempenho em avaliações internacionais. A tecnologia passou a "entender", assim, quais seriam as características de um bom vinho. E traduziu, a partir de quatro rótulos da Casa Tertúlia, a porcentagem ideal de cada um deles para a vinícola.
— A ideia da inteligência artificial é ajudar no trabalho do enólogo. Foram nos dadas milhares de receitas. Nós testamos e aprovamos essa, que desde setembro do ano passado está engarrafada e no mercado — esclareceu Hilgert.
*A coluna viajou para Bento Gonçalves a convite da Miolo