O nascimento no Brasil dos primeiros terneiros da raça angus com edição gênica marca um importante capítulo da produção de carne no país. O projeto, conduzido pela Embrapa, é um primeiro, mas importante passo, na direção de avanços na pecuária de corte em um cenário de mudanças climáticas.
Ao todo, cinco animais nasceram entre o fim de março e o início de abril. Em três, a edição genética foi considerada bem-sucedida. Diretor-executivo da Associação Brasileira de Angus e Ultrablack (ABA), Mateus Pivato explica por que esse é um momento importante:
— Podemos ter um animal mais adaptado a climas adversos. Abre um leque enorme de possibilidades de ações que, no futuro, veremos muito acontecer.
Presidente da entidade, José Paulo Cairoli destacou a parceria com a Embrapa no projeto.
— Gerar os primeiros animais melhorados via edição gênica é um marco na história da pecuária brasileira, e estamos muito felizes em poder protagonizar esse ineditismo — reforçou Cairoli.
Os próximos passos são ampliar o número de animais desenvolvidos a partir da técnica do CRISPR/Cas9 e acompanhar o desenvolvimento. Isso permitirá verificar se a técnica vai conferir a adaptação desejada e se há capacidade de transmitir a característica para os descentes, acrescenta o diretor-executivo.
O custo da edição gênica não é considerado caro, o que torna viável a utilização em escala comercial.
— Não tenho dúvida de que se possa pensar em um futuro nessa técnica — reforça Pivato.
O que é o CRISPR
- A edição foi realizada com a técnica CRISPR/Cas9, que vem sendo chamada de "melhoramento genético de precisão"
- A ferramenta foi adaptada pela ciência a partir de um sistema natural encontrado em bactérias
- CRISPR/Cas9 funciona como uma espécie de "tesoura genética", capaz de editar sequências no DNA de maneira precisa, e que pode ser usada para melhorar a saúde e o bem-estar animal bem como promover características de interesse econômico
- A técnica CRISPR/Cas9 é usada para desenvolver animais com pelos mais curtos e maior adaptação ao clima tropical
Saiba mais
- O projeto de edição gênica é uma parceria de Embrapa, Associação Brasileira de Angus e Ultrablack, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Casa Branca Agropastoril.
- As pesquisas envolvem equipes das unidades Embrapa Gado de Leite, Embrapa Gado de Corte e Embrapa Pecuária Sul.
