
O Brasil — e o RS — têm muito a perder com a chegada da influenza aviária na produção comercial de aves, o que faz o trabalho de agora, de contenção, crucial. Maior exportador mundial de frango há 20 anos, o país estava longe desse problema que vem fazendo estragos mundo afora há quase duas décadas. Estados Unidos e União Europeia, segundo e terceiro nas vendas globais da proteína, têm casos ativos da doença.
As suspensões de embarques podem aumentar à medida que os contatos vão sendo feitos com os destinos para os quais o produto é enviado — 150, conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Cada país tem seu próprio protocolo. Até o fechamento da edição, na sexta, os embarques estavam suspensos para China, União Europeia e Argentina.
Um detalhe importante: alguns compradores restringem as compras de todo o país, outros apenas para o Estado do foco. O Brasil tem buscado a chamada regionalização dos embargos, o que evitaria a interrupção do fluxo comercial de regiões distantes daquela em que houve o registro.
Da relação de suspensões até o momento, a China tem uma atenção especial. Primeiro, porque o país asiático é o maior importador de carne de frango brasileira. De janeiro a abril, foram 192,38 mil toneladas, alta de 8,6% na comparação com o mesmo período de 2024. Isso corresponde a uma fatia de 10% do total exportado pelo Brasil.
A União Europeia ocupa, no acumulado de 2025, a sétima posição entre os maiores compradores. As 92,5 mil toneladas adquiridas representam alta de 30,9% em igual período. E uma fatia de quase 5% do total.
Para o RS, o mercado chinês já estava suspenso, ainda por conta do foco único de doença de Newcastle em julho do ano passado. A reabertura era esperada para este mês. Na última terça, quando estava em missão pelo país asiático, o Brasil recebeu a notícia que o mercado se ampliava para miúdos, carne de peru e de pato.
A confiança de que esse episódio será superado vem da expertise acumuladas ao longo das quase duas décadas sem o registro de casos em aves comerciais. Tanto o serviço oficial quanto as indústrias e os produtores sabem o que precisa ser feito. E a pressa em conter o problema vem da relevância que a atividade no Rio Grande do Sul e em todo o país.
— O setor está em total alerta quanto à detecção do caso, mas também bastante confiante na atuação dos órgãos oficiais, responsáveis por fazer o monitoramento da região, controle, dispositivos de segurança — pontua José Eduardo dos Santos, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura.