
Se os prognósticos se confirmarem, o tempo promete trabalhar a favor da próxima safra de inverno no Rio Grande do Sul. De forma geral, a chuva deve vir na medida, sem excessos, e a temperatura na marca que a estação pede, ou seja, de frio. É o que aponta o agrometeorologista e fundador da Rural Clima, Marco Antônio dos Santos. Ele falou na quinta-feira (15) sobre as previsões para este ano e a nova realidade trazida pelas mudanças climáticas no Vitis Aurora, realizado na unidade da cooperativa de Pinto Bandeira, na Serra.
— Teremos frios mais periódicos, recorrentes no Rio Grande do Sul, ou seja, um outono, um inverno bem mais típicos, algo que há tempo não se vê no Rio Grande do Sul — observou Santos à coluna.
Para a viticultura, as "horas de frio" desempenham um papel crucial no desenvolvimento das videiras — que, neste momento, na Serra, estão no período de dormência. Outro aspecto positivo para culturas como a da uva, do trigo e da cevada são as condições esperadas para a primavera. Os modelos sinalizam a tendência de que a chuva chegue mais cedo no Cerrado, com as primeiras precipitações no final de agosto e início de setembro.

— Se as chuvas chegam mais cedo por lá, não chove tanto aqui na época da primavera. Até para colheita é um ambiente mais tranquilo este ano — completa o agrometeorologista.
Um ponto de atenção vem da possibilidade de geadas tardias, sempre um risco à produção de inverno. O período deve ser de neutralidade climática, ampliando a probabilidade de ocorrência de geadas em relação aos anos de 2023 e 2024. Por ora, a projeção é de que a concentração do fenômeno seja no inverno, mas pode ocorrer a entrada de massas de ar polar também na primavera.
Na região da Serra, onde a catástrofe climática de 2024 também deixou suas marcas, sobretudo na forma de deslizamento de terras em áreas de vitivinicultura, falar sobre mudanças climáticas é fundamental.
— O que vemos é que esse novo padrão está potencializando demais os extremos. O produtor tem de estar ciente de que as mudanças climáticas estão ocorrendo e ocorrerão nos próximos anos — pontuou o fundador da Rural Clima, que será um dos entrevistados do Campo e Lavoura da Gaúcha do próximo domingo (18).
A resiliência produtiva nesse contexto amplia a relevância das boas práticas. Manter a planta bem nutrida, usar produtos eficientes, fazer bons perfis de solo e o solo com boa palhada são algumas das lições de casa possíveis.
*A coluna viajou a convite da cooperativa vinícola Aurora.