
Em meio ao trabalho de contenção do foco confirmado de gripe aviária em granja comercial, há lições importantes que vêm do segmento e das autoridades sanitárias oficiais. A transparência na comunicação, a agilidade no trabalho e a convergência de informações são pontos que servem de referência. Inclusive para outros ramos da pecuária.
— A cadeia produtiva de frango está dando uma resposta muito bem construída, robusta. Reage de forma proativa, estruturada. Isso e a simetria de informações são lições para a bovinocultura de corte — pondera Júlio Barcellos, coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro) da UFRGS.
A observação refere-se ao fato de que, na avicultura, há um rastreamento de todas as granjas, que são "posicionadas por GPS". Um cenário muito diferente, acrescenta o professor, da pecuária de corte — menos de 5% do rebanho, de 10,5 milhões de animais, tem rastreabilidade.
— Isso liga um sinal de alerta. Primeiro, de que precisa implementar a rastreabilidade. Temos de superar urgentemente. O setor da pecuária de corte é muito mais vulnerável por não ter a ferramenta — reforça Barcellos.
O Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos prevê a obrigatoriedade como a última etapa do cronograma, a ser executada entre janeiro de 2030 e dezembro de 2032.
No caso da avicultura comercial, os protocolos sanitários têm sido desempenhado com agilidade e transparência. Outro fator considerado importante aos olhos dos mercados para os quais a produção é comercializada.
O painel da influenza aviária, do Ministério da Agricultura, ferramenta atualizada em tempo real é um exemplo da acessibilidade das informações. Qualquer pessoa pode acessá-lo, visualizando o panorama de síndromes respiratórias em aves no país e em recortes mais específicos.
28 dias
Para que o foco identificado em Montenegro possa ser considerado encerrado, é preciso que nenhum novo caso em produção comercial seja registrado em um período de 28 dias (duas vezes o período de incubação do vírus), a contar do fim da sanitização da propriedade, concluída nesta quarta-feira (21). É a partir disso que o Brasil pode buscar a retomada do status sanitário de livre da doença junto à Organização Mundial de Saúde Animal. O que também serve como referência para que suspensões de exportações sejam levantadas.