
Seja pelo fator cultural ou por superstição, a carne suína é ingrediente obrigatório da ceia de final de ano. Para além da noite da virada, a proteína promete ganhar novos espaços em 2024. Com o embarque estimado em até 1,3 milhão de toneladas, o Brasil tem a perspectiva de encostar no Canadá na terceira colocação entre os maiores exportadores globais — atualmente, ocupa o quarto lugar. O Rio Grande do Sul, segundo maior exportador entre os Estados, tem a previsão de receber uma missão chinesa, que pode se converter na ampliação do cardápio de embarques ao país asiático.
A equipe técnica deve ficar entre 19 e 26 de fevereiro no país (o roteiro, ainda a ser confirmado, deve incluir Paraná e Acre) e pode ratificar o certificado internacional de zona livre de febre aftosa sem vacinação. Na prática, esse reconhecimento permitirá a venda de carne suína com osso e de miúdos — hoje, o Estado já vende à China, mas não esses itens, que têm o potencial de acrescentar US$ 100 milhões em receita aos embarques. A tendência é de que esse acréscimo seja concedido às unidades hoje já credenciadas a vender para esse destino — oito dos 16 frigoríficos brasileiros aptos estão no RS.
— Para 2024, se entende que haverá a continuidade do que ocorreu especialmente no segundo semestre deste ano, que foi a vinda de missões . A grande expectativa que o Estado tem é com a vinda da missão chinesa — avalia Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (Sips).
Secretário-adjunto de Agricultura do RS, Márcio Madalena integrou a comitiva do Estado que esteve recentemente na China, coordenada pelo vice-governador do RS, Gabriel Souza e avalia:
— A nossa ida com técnicos e representantes do setor, certamente nos coloca em uma situação bem interessante nessa missão.
O diretor-executivo do Sips acrescenta outros destinos cobiçados (e de conquista esperada) pelas indústrias gaúchas: o Canadá, que reconheceu apenas SC, Estados Unidos e Japão. Dentro de casa, destino de 80% da produção, a perspectiva de aumento da renda das famílias combinada com a redução do desemprego trazem a expectativa também de um apetite estável no mercado interno. Conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o consumo per capita anual deve ficar nos 18 quilos.
— Esse número ficou anos em 14 quilos. Trocamos de patamar na pandemia e não baixamos mais. Vejo um panorama melhor, um consumo maior no nosso prato de todas as proteínas — avalia Ricardo Santin, presidente da ABPA.
Ele acrescenta que estudos da OCDE mostram que, nos primeiros US$ 10 de incremento de renda das pessoas, 40% vão para a compra de proteína. Com estimativa de ter um crescimento de até 6% no volume exportado em 2024, o Brasil encosta no terceiro maior exportador mundial, que o Canadá. Prognósticos do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) compilados pela ABPA apontam uma diferença de apenas cinco mil toneladas.