
O jornalista Fernando Soares colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A vitivinicultura do Rio Grande do Sul está prestes a ter mais um ano histórico no aspecto qualidade. Se 2020 ficou marcado pelo teor de açúcar elevado das uvas e resultou em vinhos e espumantes acima da média, em 2021 os primeiros indicativos são de que uma reprise da “safra das safras” se avizinha. É o que projeta o presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), André de Gasperin, recém-empossado para mandato de dois anos na entidade.
- Está se desenhando novamente uma safra espetacular. Nos próximos dias começa a colheita de variedades de uvas viníferas, principalmente as que são bases de espumantes, e elas estão um bom equilíbrio entre teor de açúcar e acidez - aponta Gasperin, diretor técnico e enólogo da vinícola Don Affonso, de Caxias do Sul.
Gasperin lembra que a colheita das uvas viníferas avança entre janeiro e fevereiro, mas indica que “80% do caminho já está percorrido” para que o Estado consiga uma nova safra de uvas mais adocicadas e com acidez na medida certa. Assim como no ciclo passado, a estiagem acabou influenciando positivamente as características da fruta, ainda que resulte em bagas menores nos cachos. As parreiras sofrem menos com o déficit hídrico em relação às lavouras de grãos, que muitas vezes acabam tendo perda total por causa da falta de chuva.
No caso da uva, dias quentes e noites de temperaturas amenas são consideradas as condições ideais para o desenvolvimento. Ou seja, quanto maior a amplitude térmica nesta época, melhor para o vinhedo. E isso vem acontecendo principalmente na Serra, região que responde pela maior parte do plantio nacional.
Em meio a safras marcantes, o presidente da ABE avalia que o vinho estará cada vez mais presente na mesa dos brasileiros. Neste ano, a alta do dólar e pandemia diminuíram a oferta de rótulos importados e, ao mesmo, tempo o consumidor passou a consumir mais vinho, favorecendo a bebida nacional no mercado.