Os números das exportações de soja confirmam a redução de volume e faturamento ao longo de 2019, em relação a igual período do ano passado. O quadro evidencia conjuntura que soma base elevada de comparação, indefinição da guerra comercial de Estados Unidos e China e redução no apetite chinês por conta dos casos de peste suína africana.
Para o Estado, no entanto, o recuo foi mais forte do que no país. O economista Rodrigo Feix, pesquisador do Departamento de Economia e Estatística da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão, lembra que a colheita da soja ocorre antes em outras regiões do país:
— No momento da colheita da safra no Centro-Oeste, a conjuntura era mias favorável do que quando o grão passou a ser colhido no RS.
Isso ajuda a explicar por que a diminuição é maior em relação ao Brasil. A quantidade vendida pelos gaúchos de janeiro a agosto é 28,9% menor do que em igual período do ano passado. No país, a queda é de 11,5%. E até mesmo a perspectiva de melhora foi interrompida — depois de alta nos embarques do grão gaúcho em julho, agosto voltou a registrar redução ante igual mês de 2018.
— O quadro ainda é de grande indefinição. Com a proximidade da entrada da safra americana, o que se imagina é que algum acordo seja construído — pondera Feix.
Economista-chefe da Federação da Agricultura do RS, Antônio da Luz avalia que o fim da disputa entre as duas potências é positivo, embora no curto prazo pareça negativo:
— As vantagens que tivemos foram momentâneas. Se a disputa persistir, há chance de recessão global. Os produtos brasileiros são altamente sensíveis à recessão.