A imagem acima, feita em 2015, dá ideia da dimensão das cheias no entorno do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. A BR-448 é o único ponto visível do local. A preocupação com as inundações é base de ação civil movida pelo Ministério Público que, no momento, tem liminar favorável, determinando suspensão de qualquer obra no local, como publicado nesta segunda-feira pela coluna (veja abaixo). Embora a ação refira-se ao Residencial Ecoville, ao lado da área da Expointer, tem impacto direto sobre o projeto de modernização do parque, anunciado em 2012.
Pelo contrato firmado com o governo do Estado, em 2015, a Bolognesi ficaria responsável pelo dique de contenção do Arroio Esteio, no parque. E construiria empreendimento, que inclui área comercial, em 23,7 hectares.
Do ponto de vista técnico, no entanto, nem mesmo o dique poderia ser construído. Esse é o argumento do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos.
– Alagaria o entorno. Debatemos no âmbito técnico – diz Viviane Nabinger, secretária-executiva do comitê.
Estudo feito por John Farias Wurdig, coordenador da engenharia ambiental da Uniritter, mostra o impacto econômico das cheias – em seis cidades, de Canoas a Novo Hamburgo. De 2006 a 2015, foram R$ 175,01 milhões. Além disso, 839,84 mil pessoas foram atingidas.
Detalhes antes da obra
O que o Ministério Público pretende com a ação movida contra Bolognesi e Fepam é que sejam feitos mais estudos antes da liberação das obras. O processo foi aberto a partir de levantamento feito pela UFRGS da planície de inundação do Rio dos Sinos (onde está a área do parque Assis Brasil). O local é tido como de grande risco, por conta das cheias.
Foi solicitado, então, à Metroplan realizar levantamento mais detalhado. Segundo Felipe Teixeira Neto, promotor regional ambiental da bacia hidrográfica do Rio dos Sinos, os dados, com informações dos últimos cem anos, responderão a duas perguntas: qual a taxa de recorrência da inundação e o quanto alaga (25 centímetros ou cinco metros?).
– Na dúvida, melhor suspender, até que se tenham mais estudos. A partir daí, se saberá se o empreendimento é viável – diz.
Na semana passada, houve reunião com a Metroplan. A próxima está marcada para 19 de setembro. Nesta quarta-feira também será realizada nova audiência da ação movida pelo MP. O promotor afirma que o objetivo da liminar é dar tempo para os levantamentos adequados serem feitos.