A procura por financiamento agrícola entrou no modo espera desde que começou a contagem regressiva para o anúncio do próximo Plano Safra empresarial, que será na quarta-feira. Ao contrário do que ocorria em outros anos, quando produtores corriam na tentativa de garantir as taxas vigentes, neste ano percebeu-se em alguns bancos o comportamento oposto, de espera. Como há perspectiva de corte no juro do custeio e do investimento, o agricultor teria colocado o pé no freio.
– Acompanhamos bem de perto isso, e os produtores estão esperando para fazer o investimento – afirma Anderson Lazaron, diretor operacional da AGCO Finance, banco da montadora.
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Avaliação semelhante tem o superintendente de crédito rural do Banrisul, Odir Antonio Zalamena. Segundo ele, desde maio houve retração na procura de crédito por pessoa física. Apenas nas linhas voltadas às lavouras de trigo é que o interesse tem sido maior.
– Neste ano, lançamos uma linha de pré-custeio e a expectativa de contratação, que vai até o dia 15 deste mês, está um pouco aquém do esperado – completa Zalamena.
Presidente da Comissão de Crédito Rural da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Elmar Konrad faz uma avaliação diferente. Embora confirme que é pequena a quantidade de agricultores que estão pegando financiamentos, atribui isso mais ao baixo preço das commodities do que à perspectiva de redução no juro.
Responsável por 60% das operações de crédito agrícola no Estado, o Banco do Brasil registra cenário diverso. Gerente de mercado agronegócios, João Paulo Comerlato relata evolução no segundo trimestre deste ano.
– Como ficou mais claro de que a redução deve ser menor do que o produtor esperava, ele deve buscar financiamentos ainda neste mês – entende Comerlato, acrescentando que de 31 de dezembro de 2016 até agora, a carteira agro cresceu 8%.
Outro argumento do gerente é o de que a redução de juro pode não compensar a alta dos preços dos insumos que costuma ser verificada para quem deixa as compras para o segundo semestre do ano.As condições do ciclo 2016/2017 valem até o dia 31. Depois, entram em vigor as regras novas.



