
Apesar da retomada do funcionamento da tirolesa, a comunidade de Cambará do Sul ainda aguarda os demais investimentos prometidos quando ocorreu a concessão dos cânions dos parques da Serra Geral e Aparados da Serra. Eles estão em suspenso, conforme decisão de uma câmara de arbitragem empresarial. Estas atrações, que vão de hotel a restaurante passando por um mirante com piso de vidro, teriam potencial de atrair os visitantes de maior poder aquisitivo, além de, a partir dos seus ingressos, reduzir o preço do tíquete para entrada no parque, que a coluna tem dito que afastou os antigos visitantes.
O plano de manejo até foi atualizado pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio/Ministério do Meio Ambiente), mas não há regularização fundiária das bordas dos cânions, áreas onde a Urbia planejava instalar as estruturas. Ou seja, a posse dos locais é discutida na Justiça. Questionados pela coluna se esta informação foi esclarecida no contrato de concessão, o diretor da Urbia Parques, Samuel Lloyd, e o diretor da unidade Cânions Verdes, Humberto Filho, disseram que não.
— A atualização do plano de manejo até permitiu o que estava como exigência no contrato, mas não há posse das áreas. Esperamos que isso seja resolvido na câmara de arbitragem ou então que ocorra um equilíbrio de contrato. Não se consegue atingir os níveis de visitação sem fazer esses investimentos — disseram os executivos.
Em nota de resposta após ser procurado pela coluna, o Instituto Chico Mendes (ICMBio/MMA) confirmou não ter posse e domínio de alguns trechos do Cânion Itaimbezinho, embora tenha ocorrido já a desapropriação em uma ação de 1960. Proprietários se recusam a sair, alegando que não receberam os valores.
"Só que os comprovantes desses valores estavam num volume do processo judicial que a Justiça Federal extraviou. A solução está sendo encaminhada junto ao TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), que tenta a conciliação entre a União, que iniciou o processo em 1960, e os proprietários já desapropriados. No último dia 27, houve um despacho do juiz federal na ação, que interpretamos como favorável. Agora esperamos a manifestação dos réus, do MPF (Ministério Público Federal), para, a partir da decisão judicial, encaminhar as matrículas passíveis de averbação em nome da União."
A Urbia diz que as bordas do Itaimbezinho não sustentam a operação. Lembrando que a concessão ocorreu no governo federal anterior. O atual presidente do ICMBio, Mauro Pires, já disse à coluna em outra ocasião que a situação fundiária deveria ter sido olhada com mais cuidado na assinatura do contrato, além de outras divergências que tem quanto à forma como ocorreu a concessão.
Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: fábrica de R$ 270 milhões, obra da montadora de aviões e R$ 80 milhões para ônibus híbrido
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Isadora Terra (isadora.terra@zerohora.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)





