
Para fincar bem o pé na volta à Europa, a Marcopolo investiu em um grande estande na Busworld, maior feira do setor, realizada aqui em Bruxelas, na Bélgica. Direto do evento, uma entrevista do CEO André Armaganijan ao podcast Nossa Economia, de GZH.
Por voltar a vender na Europa?
Vemos uma oportunidade com o mercado retomando após a pandemia, quando a frota envelheceu. Agora, os fabricantes da Europa estão sem capacidade de entrega e prometendo apenas para 2027. Os nossos parceiros tradicionais de chassis não estão mais vendendo ônibus completo, deixaram de fazer carroceria e buscam um fornecedor financeiramente saudável, que invista e traga tecnologia.
Quando será vendido o primeiro?
Acredito que a primeira venda será no início de 2027. O ônibus está em processo de homologação, atendendo requisitos como de cibersegurança. A parceria com a Volvo é para começar por Itália e França, onde eles tinham bons volumes de venda, mas perderam porque pararam de produzir carroceria.
Levarão o chassi ao Rio Grande do Sul e trarão o ônibus para a Europa, uma logística complexa. Marcopolo pensa em voltar a produzir aqui?
Vamos dar este passo comercial neste momento, entender o mercado antes de sair pensando em abrir uma fábrica. Tendo boas vendas, começamos a cogitar isso. É um mercado diverso, temos fábricas relevantes no mundo para servirem de base de produção para a Europa. Hoje a proposta é usar as do Brasil, mas podemos usar a do México ou outras.
A empresa está financeiramente bem, após ter enfrentado a queda nas viagens na pandemia.
Sim e com foco em continuar buscando aumento de competitividade, reinvestindo os resultados no negócio, como fábrica, automatizações e processo, além de pessoas e produto. O Geração 8, que já tem 5 mil unidades, deu muito certo e é carro-chefe da retomada da empresa. Reduzimos custos e otimizamos estrutura, mas tudo muito relacionado a novos produtos e tecnologias.
Vocês trazem ônibus a diesel, mas o destaque na Busworld são os elétricos. Farão estes também para a Europa?
Já estamos vendendo em diversos mercados não só o ônibus elétrico completo próprio da empresa, mas também com parceiros de chassis. Já temos mais de mil circulando, boa parte no Brasil, na Colômbia, no México e na Austrália. Temos também o híbrido elétrico e etanol, que não precisa de infraestrutura de recarga. A nossa decisão na Europa foi o rodoviário (longas distâncias), um segmento ainda a diesel que levará algum tempo para uma solução descarbonizada, devido à autonomia.
Tarifaço dos Estados Unidos e possível acordo Mercosul-União Europeia refletem na Marcopolo?
Somos globais e trabalhamos com plataformas globais, com fábricas em diversos países e temos opções distintas de produção conforme o acordo feito com o país A ou o país B. Temos flexibilidade de mudar o produto modularizado de uma fábrica para a outra com facilidade. Para Estados Unidos, temos dois tipos de operações. Somos o segundo maior investidor na maior fabricante de ônibus rodoviários e urbanos do país, que é a New Flyer, e vendemos micro-ônibus feito no México para o mercado norte-americano.
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Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: polêmica da energia renovável, leilão de ferrovias e o potencial do triticale
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Isadora Terra (isadora.terra@zerohora.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)



