
Ainda que vacinado contra a imprevisibilidade do presidente dos Estados Unidos, o mercado não perde totalmente a sensibilidade às falas e aos movimentos de Donald Trump. Após dólar e juro futuro subirem e bolsa e petróleo caírem na sexta-feira (10) com a ameaça norte-americana de taxar em 100% as importações da China, os indicadores têm os movimentos contrários nesta segunda-feira (13) após Trump ter sinalizado um recuo.
Nesse domingo (12), Trump escreveu na sua rede social que as tensões com a China “ficarão bem”, embora em uma mensagem com ironia: “Não se preocupem com a China, tudo ficará bem! O altamente respeitado presidente Xi apenas teve um momento ruim. Ele não quer uma depressão para seu país, e eu também não. Os EUA querem ajudar a China, não prejudicá-la!!!”.
No final de semana ainda, China disse que "não tem medo" dos Estados Unidos. A relação se deteriora. Washington anunciou controles de exportação de softwares estratégicos após Pequim ter restringido minerais críticos usados em tecnologia e na indústria de defesa. Ainda não se sabe se será remarcado o encontro entre os dois presidentes, que ocorreria no final do mês, mas foi cancelado.
A oscilação de cada indicador:
Dólar cai dos R$ 5,50 a perto de R$ 5,45. A moeda atrai investidores quando há crise, o que a valoriza. Quando arrefece o receio, devolve este aumento.
Ibovespa sobe a 142 mil pontos, pois prevê impacto menor nos negócios das empresas se não se acirrar a briga entre as duas maiores economias do mundo.
Dólar mais baixo reduz pressão inflacionária, permitindo a queda do juro, que aparece nas taxas futuras. Isso também tende a estimular negócios e a economia como um todo.
O mesmo raciocínio vale para o petróleo. Há uma perspectiva de que se Estados Unidos e China embargarem-se (que seria o efeito prático destas tarifas astronômicas) a economia global desaceleraria, consumindo menos combustível. Por isso, petróleo caiu 4% sexta e sobe hoje, mas menos de 1%.
Alguns setores têm, sim, benefício imediato da briga entre os dois gigantes. Por exemplo: soja e calçados, que ganham o mercado de um deixado pelo outro. Porém, perde-se no longo prazo caso se confirme que a economia encolherá.
Trump e Xi Jinping devem recalcular rota ao verem a economia sangrar. Mas, até lá, a queda de braço trava negócios.
Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: polêmica da energia renovável, leilão de ferrovias e o potencial do triticale
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Isadora Terra (isadora.terra@zerohora.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)


