
É isso, o cenário do último mês e meio se ajustou de forma que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) visse que ainda não era hora de parar de aumentar o juro, embora esta possibilidade tivesse sido posta na janela na reunião anterior. O aumento, provavelmente derradeiro, veio em 0,25 ponto percentual, menos intenso do que nas vezes anteriores.
O que mudou? A situação da guerra comercial dos Estados Unidos ainda está extremamente imprevisível. Sabe-se lá o que o presidente Donald Trump fará e de que forma isso afetará a inflação. Seu pacote tributário também influenciou o Copom, que acrescentou “fiscal” junto do “comercial” ao apontar incertezas externas. A pressão de preços existe, como deixou claro o Federal Reserve (FED) após a sua reunião também nesta quarta-feira, afastando corte de juro por lá. O recado foi dado para o nosso Banco Central, além de não aliviar a atratividade norte-americana para os dólares irem para lá e saírem daqui.
Também saiu o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) apontando alta acima do previsto. Ou seja, apenas uma “certa moderação” no crescimento. Quando saiu esta prévia do PIB, a coluna já cantou: “tem espaço para o Copom subir mais um pouco o juro”.
Mas, salvo algo fora da curva e do esperado ocorra, vai parar agora o ciclo de aperto monetário. O Copom escreveu claramente no comunicado de que é esta a intenção a partir de agora. Vai parar e observar os efeitos dos aumentos, que sempre são defasados.
E cortar o juro? Não deve ser tão cedo. A Selic deve continuar em 15% ao ano por um período “bastante” prolongado. A palavra “bastante” foi acrescentada neste comunicado pelo Banco Central.
Enganou-se quem esperava ou temia (dependendo da torcida) que Gabriel Galípolo afrouxasse a mão por ter sido indicado pelo presidente Lula ao comando do Banco Central.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Isadora Terra (isadora.terra@zerohora.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)