
Uma "pecuária verde" é a promessa do governador Helder Barbalho, do Pará, que será sede da COP30, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. A criação, especialmente de gado, é polêmica quando o assunto é sustentabilidade, pelo bem-estar animal e pelos gases emitidos. Na Febraban Tech 2025, em São Paulo, garantiu estar implementando medidas para que a atividade tenha baixa emissão de carbono. O plano daquele Estado prevê que, até dezembro de 2026, toda a cadeia bovina esteja rastreada, da origem ao abate, o que, claro, abriria portas para novos mercados internacionais.
Na agricultura, Barbalho defende o plantio de cacau e açaí para recuperar áreas degradadas. Aqui também há a motivação econômica, pois ambos estão escassos no mercado internacional, com alta nas cotações. Outra garantia do governador na sua fala durante o evento é de que 75% da floresta paraense segue preservada.
Questionado pela coluna se há resistência do agro para entrar na agenda verde do governo, disse ser um "processo de convencimento e construção". Sensato, aponta como aliadas as exigências dos países para onde o setor quer exportar, embora estes requisitos sejam alvo de críticas constantes de empresários:
— Quando o que pregamos tem a certificação do mercado, conciliamos a política pública com a economia, mostrando que estamos na mesma página de que precisamos avançar em práticas ambientalmente sustentáveis.
Também no evento, o presidente do Banco da Amazônia, Luiz Lessa, destacou os editais de bioeconomia para apresentar soluções concretas na COP30. Um dos projetos é exatamente o Programa de Pecuária Verde, que contemplará um "hub" (um grupo) de pesquisa.
— É para fomentar startups e pesquisas que aproveitem o conhecimento local — disse, acrescentando que o banco está aberto a parcerias com investidores e agentes públicos que queiram atuar na região.
Reta final da COP30
Para o governador Helder Barbalho, o Pará está na reta final da preparação para receber a COP30. Repetiu e garantiu que haverá 50 mil leitos, incluindo de hotéis a navios e escolas adaptadas. Menos de 40 mil, porém, já estão prontos. Há oito hotéis ainda em construção. Já os preços altíssimos são a maior reclamação.
— A oferta está garantida, com opções para todos os perfis e preços dentro da regra de mercado — respondeu. — Temos oito novos hotéis em construção, navios cruzeiro, escolas que serão hostels.
Aproveitando que estava em um evento de bancos, o governador pediu maior envolvimento das instituições financeiras nos projetos sustentáveis. Leia-se maior oferta de crédito. Chegou a citar a enchente do Rio Grande do Sul como alerta à necessidade de combater as mudanças climáticas.
Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: R$ 1 bi na Refap, tecnologia do RS em aviões militares e calcanhar de Aquiles da CMPC
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Isadora Terra (isadora.terra@zerohora.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)