
O dilema do setor imobiliário, de falta de fonte de crédito, piora com a taxação em 5% das até então isentas Letras de Crédito Imobiliário (LCI), medida do Ministério da Fazenda como alternativa à alta maior do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato de Sousa Correia, teme que afete mais o investidor que aplica o dinheiro neste título que financia a construção.
— A LCI tinha um prazo de 90 dias de carência (exigência de manter o dinheiro aplicado), subiu a 12 meses e afastou o investidor. Agora, pedimos que volte ao que era. Não podemos afastá-lo nem um milímetro - diz o executivo, referindo-se à fala de Haddad de que a alíquota de Imposto de Renda proposta ainda manterá o investimento atrativo.
A entidade diz que, na prática, a medida aumenta em 0,5 ponto o juro de financiamento de imóvel pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) em um contexto de taxa Selic alta. Desde 2021, as taxas de financiamento já subiram cinco pontos percentuais, o que aumentou o valor da prestação em 50%.
A novela é antiga: poupança e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) estão perdendo recursos ao longo dos últimos anos e são as principais fontes do dinheiro para construir e para comprar a casa própria. Em um evento em São Paulo, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse estar sendo preparado um "novo modelo de financiamento imobiliário", com captação no mercado e não na poupança.
— O setor está em Brasília reunido desde ontem com o governo buscando alternativas. Pode ser que aí tenhamos sim um fundo mais sustentável de recursos — disse o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Cláudio Teitelbaum, sobre a sinalização de Galípolo.
Déficit
Calcula-se que o déficit habitacional no país seja de 7 milhões de moradias. A CBIC estima que sejam necessários investimentos anuais de R$ 100 bilhões em construção para zerar esta necessidade da população.
Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: R$ 1 bi na Refap, tecnologia do RS em aviões militares e calcanhar de Aquiles da CMPC
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Isadora Terra (isadora.terra@zerohora.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)