Ativo de reflexo imediato de qualquer conflito no Oriente Médio, o petróleo começa a semana com forte oscilação. Na abertura dos mercados asiáticos, chegou a subir 4%. Depois, passou a cair, em uma reação contida do mercado à entrada dos Estados Unidos na guerra entre Israel e Irã. A expectativa gira em torno da reação iraniana e da ameaça de fechamento do Estreito de Ormuz, um corredor marítimo entre Irã e Omã por onde passa 20% do petróleo mundial, além de gás natural. Todos os dias são transportados 20 milhões de barris no canal, vindos da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque. Além do preço do petróleo em si, dispara o frete dos navios, que já vinha subindo nos últimos dias.
O petróleo brent, usado pela Petrobras como referência para preços nas refinarias brasileiras, está girando em torno de US$ 75 o barril. Bancos e consultorias internacionais projetam picos de US$ 90 a US$ 110, dependendo da intensidade e do prolongamento desta guerra. Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, chegou aos US$ 130. Na época, gasolina e diesel ficaram caríssimos no mercado brasileiro, com efeito em cascata nos preços de produtos e serviços.
Os futuros dos índices do mercado financeiro norte-americano abrem a semana, por enquanto, em alta. Já as bolsas asiáticas fecharam em baixa.
Outros riscos financeiros
Outro ponto na análise econômica da situação é que guerras elevam preços de ativos que os investidores consideram seguros. O ouro já vinha batendo recordes. O dólar estava em desvalorização pela guerra comercial do presidente Donald Trump, mas tende a subir, o que também pressiona preços em economias importadoras.
Os Estados Unidos são a maior economia do mundo. Caso ela desacelere por estar em guerra, até pode tirar pressão sobre os preços, mas o impacto comercial é, no geral, ruim, pela sua importância como mercado de exportações, salvo, claro, quem fornece à indústria de defesa.
Além disso, cresce a imprevisibilidade, inimiga da economia. Lembrando que está para vencer o adiamento por 90 dias da entrada em vigor das tarifas cheias de Trump. Aguardava-se a decisão para se projetar negócios para o segundo semestre.
Cabe lembrar que inflação alta, exige juro também alto. E isso ocorreria em um momento no qual a expectativa é para suspensão de elevação e até redução das taxas tanto no Brasil, pelo Banco Central, quanto nos Estados Unidos, pelo Federal Reserve.
Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: o dilema do dinheiro para financiar imóveis, extinção do supermercado Nacional, ranking de atacados e mais
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Isadora Terra (isadora.terra@zerohora.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)