
Se as pessoas tivessem mais "desconfiômetro", o terreno não seria tão fértil para golpes. O crime combatido pela Operação Malus Doctor, no qual advogados são suspeitos — entre outras coisas — de fazer empréstimos fraudulentos, tinha um ponto crítico: as vítimas assinavam procurações em branco!
Caros, não se assina nada sem ler. Nem contrato para compra de um sofá. (Aliás, se alguém pedir um autógrafo a você, escreva de um jeito diferente da sua assinatura oficial.) Como se assina uma procuração, cedendo a alguém o direito de fazer coisas no seu nome, sem esclarecer que coisas são essas?
Com isso, as pessoas abriram a porteira para os golpistas entrarem com dezenas de ações revisionais do juro de empréstimos já existentes, o chamariz usado para atrair as vítimas. E mais: escancararam mais a mesma porteira para que eles tomassem novos empréstimos falsos, que as pessoas recebiam na conta e achavam que era já indenização da decisão judicial, cuja parte ainda entregaram aos golpistas como "comissão" pelo ajuizamento da ação.
Não é culpar as vítimas. A culpa é do criminoso. Porém, ele se espraia na falta de cuidado das pessoas, que carecem de educação financeira e de cuidados básicos.
Desconfie da entidade de defesa do consumidor que quer te vender produtos, ainda mais se no site tiver "Já pensou em andar de lancha?", como uma das envolvidas neste caso de Porto Alegre. No caso do advogado Daniel Nardon, embora estivesse com status "Normal" no site da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RS), já havia dezenas de reclamações contra ele há meses na internet fáceis de encontrar em uma pesquisa rápida.
Monitore seus contracheques e contas bancárias. Tanto neste esquema gaúcho quanto no escândalo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), havia descontos na folha de pagamento das pessoas por meses e anos. Dá trabalho? Dá, mas é o seu dinheiro em risco.
Aproveite também para assistir ao Seu Dinheiro Vale Mais, o programa de finanças pessoais de GZH. Episódio desta semana: o ressarcimento da fraude do INSS
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Isadora Terra (isadora.terra@zerohora.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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