
O Sul quer um fundo constitucional para chamar de seu, assim como Nordeste, Norte e Centro-Oeste têm. Lá atrás, quando conseguiram o benefício, eram regiões depreciadas, com uma diferença de desenvolvimento econômico muito maior. Agora, não é mais tanta, a ponto de permitir um incentivo tão diferenciado.
O fundo constitucional é formado por 3% da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto de Renda (IR). Ele dá “funding”, ou seja, recurso a ser emprestado com juro baixo para empresas investirem nestas regiões. Poderia potencializar setores econômicos consolidados, como veículos, ou novas vocações econômicas no Rio Grande do Sul, como energias renováveis, nas quais estamos perdendo projetos para o crédito muito mais barato do Nordeste do país.
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grando do Sul (Fiergs), Cláudio Bier, também quer um fundo constitucional para o Sul e provocou o assunto na abertura do evento INDX, antes de passar a palavra ao governador Eduardo Leite, que diz:
— Não é para tirar dos outros, mas para dar as mesmas condições aos demais.
Não é uma batalha fácil. As bancadas de Sul e Sudeste teriam que se unir e vencer ranços de oposição para colocar um projeto de lei na pauta e votá-lo para aprovar. Só que a coluna já ouviu de presidente de bancada gaúcha que “não deu tempo”.
— Matematicamente, temos parlamentares do Sul e Sudeste para garantir aprovação e termos estes juros extremamente baixos. Não estamos conseguindo competir com o Nordeste em crédito — comentou à coluna no evento Cláudio Gastal, presidente do Badesul, um dos agentes financeiros que poderiam operar os empréstimos baratos.
Fundo constitucional pode não ser um nome charmoso para uma bandeira de badalação empresarial ou de políticos, mas está fazendo falta. Um exemplo bem concreto: os parques eólicos. Onde andam novos anúncios no segmento aqui no Estado? Foram para o Nordeste e o Norte. Mérito deles. Problema nosso.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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