Correção: A instituição tem 60 dias para apresentar o plano de recuperação judicial, contados da cautelar concedida pela Justiça. O texto informou inicialmente que eram 180 dias, mas foi corrigido às 15h05.
A Educação Metodista ajuizou pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. O grupo é dono de diversas instituições de ensino no país. Entre elas, estão o IPA e o Colégio Americano, em Porto Alegre. Ela já tinha obtido uma cautelar antecipando os efeitos do mecanismo enquanto preparava o pedido, protegendo os ativos que o grupo considera essenciais para a reestruturação. Após a decisão do juiz Gilberto Schäfer na metade do mês, o Metodista tinha 30 dias para ingressar com o pedido, mas nem precisou de todo o prazo.
O endividamento é estimado em R$ 500 milhões. O tradicional grupo de educação diz que pretende garantir a sustentabilidade e preservar a qualidade acadêmico-pedagógica. A Educação Metodista tem 60 dias para apresentar um plano de recuperação, contados da cautelar concedida. Ou seja, termina em 13 de junho.
- A recuperação judicial é o primeiro passo do processo de reestruturação planejado pela Educação Metodista. A reorganização do grupo envolve a implementação de um novo modelo de gestão e a desmobilização de ativos não operacionais - reforça o diretor financeiro Maurício Trindade.
A Educação Metodista foi criada em 1881. Desde 2015, enfrenta dificuldades financeiras com crises econômicas e a mudança no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), agravadas com a pandemia, diz o grupo de ensino.
Em entrevista à coluna há duas semanas, diretores da instituição garantiram que as unidades do Rio Grande do Sul seguirão em funcionamento mesmo na recuperação judicial, ou seja, não haverá o que o setor empresarial chama de "descontinuidade". Apesar de a sede ser em São Paulo, a presença no Rio Grande do Sul é forte. Atualmente, ela tem seis operações aqui no Estado, que ficam em Santa Maria, Porto Alegre, Passo Fundo e Uruguaiana:
- Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista (IPA) - Ensino Superior
- Faculdade Metodista Centenário / Santa Maria
- Colégio Metodista Americano / Porto Alegre
- Instituto Educacional Metodista de Passo Fundo (IE)
- Instituto Metodista Centenário (IMC) / Santa Maria
- Instituto Metodista de Educação e Cultura (IMEC) / Uruguaiana
Seguindo o trâmite normal da recuperação judicial, o plano de reestruturação será apresentado a credores. Se aprovado, começa a ser executado. A maior parte da dívida é formada por créditos trabalhistas, seguidos por bancos e fornecedores.
- A prioridade por lei - e nossa também - é de quitação dos créditos trabalhistas. Queremos conduzir esse processo todo de uma forma muito séria, transparente e clara. E o Rio Grande do Sul é um foco de recuperação muito importante para nós - disse à coluna na ocasião o diretor Aser Gonçalves Junior.
Planos para recuperação
Em linhas gerais, o plano de recuperação incluirá uma organização da gestão, o que sempre inclui redução de despesas e busca por mais receita. Além disso, serão vendidos ativos que não têm operações de ensino, como imóveis não ocupados ou áreas não usadas em campus. Entre eles, está parte do terreno onde fica o Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista (IPA), em Porto Alegre. Outras parcerias para investimentos também serão estudadas, diz o diretor Maurício Trindade. Ele cita, por exemplo, uma parceria com uma construtora de Santa Maria para erguer um prédio de apartamentos no local onde ficava uma estrutura destruída em um incêndio em 2007.
Atualmente, a Educação Metodista tem 2,5 mil alunos matriculados nas suas instituições no Rio Grande do Sul. Mas chegou a ter 15 mil estudantes no auge, por volta de 2010. São 487 funcionários agora, incluindo professores.
O processo é conduzido pelo escritório Galdino & Coelho Advogados, do Rio de Janeiro. Entre os sócios, está o desembargador aposentado Luiz Roberto Ayoub, bastante conhecido aqui no Rio Grande do Sul porque atuou na recuperação judicial da companhia aérea Varig. Atualmente, Ayoub é advogado do clube de futebol Figueirense também em um processo de recuperação judicial. Aqui no Estado, participa o escritório SCA Scalzilli Althaus.
Igrejas
Na semana passada, o juiz Gilberto Schäfer incluiu a proteção às igrejas metodistas na recuperação judicial do grupo Metodista. As instituições religiosas passaram a fazer parte do processo, embora não estejam em recuperação.
- Mais uma vitória importante e inédita para a Metodista. Dessa forma, as igrejas são incluídas no stay period, mas não se encontram propriamente no quadro de insolvência. Uma interpretação que se adequa à realidade - ressalta Luiz Roberto Ayoub.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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