
Eu queria muito escrever hoje sobre a deputada Érika Hilton, do PSOL — o Partido do Socialismo e da Liberdade — que nomeou dois de seus maquiadores como secretários parlamentares e anda passeando com um deles pela Europa. Segundo a própria deputada, os dois são, de fato, assessores parlamentares. Mas também são maquiadores. E, portanto, quando dá, a maquiam.
Tem muita coisa a se dizer sobre essa excrescência, mas o Oriente Médio mais uma vez nos convoca à realidade. E a realidade, por lá, continua perigosa, complexa e trágica.
Donald Trump apareceu como quem acredita ser um novo prêmio Nobel da Paz. Anunciou um cessar-fogo entre Israel e Irã com pompa e circunstância. Disse que os dois lados concordaram em parar os ataques. Afirmou que havia “algo maior a caminho”. E ainda pediu: “por favor, não violem o acordo”.
Como se a República Islâmica do Irã — que prende mulheres por deixarem o cabelo à mostra — fosse guiada pelos apelos pouco sutis e pouco gentis de um presidente americano. Como se a paz fosse um pedido, e não uma imposição difícil, cara e, muitas vezes, incômoda.
Horas depois do anúncio de Trump, mísseis seguiam caindo em território israelense. Israel, de fato, topou o acordo proposto pelos Estados Unidos. O Irã, como de costume, não. Mas ainda assim, a imprensa internacional insistia em tratar a situação como um “diz que me diz”. Um dos maiores portais de notícia do Brasil chegou a noticiar: “Israel diz que foi atacado mesmo após cessar-fogo”. “Diz que foi”, como se houvesse dúvida. Como se o testemunho de um Estado democrático valesse menos do que a palavra da teocracia iraniana.
O Brasil, nesse cenário, segue seu caminho guiado pela tentativa de não desagradar os aliados da violência. Em plena escalada do conflito, o Itamaraty resolveu antecipar a posse do novo embaixador do Brasil no Irã. Sim, você leu certo: antecipar. André Veras Guimarães estava escalado para assumir o cargo em agosto, mas foi despachado às pressas. Tão às pressas que vai precisar chegar de carro ao Irã, já que o espaço aéreo da região está fechado por conta da guerra. Segundo o governo, o momento é “importante e sensível”.
Importante pra quem? Sensível em quê? E, principalmente: de que lado a diplomacia brasileira realmente está?
A verdade é que o cessar-fogo, até agora, tem servido apenas para o Ocidente fingir que está no controle. Quem quer destruir, segue destruindo. Quem quer atacar, ataca. É um jogo viciado, onde a paz virou só uma palavra bonita, usada como maquiagem de ocasião para esconder uma guerra que continua a destruir o planeta com sangue, bombas e muitas vítimas.