Francisco Marshall
É excesso de pobreza supor-se que a expressão de gêneros restringe-se à polarização binária entre masculino e feminino. Em muitas famílias linguísticas e idiomas há numerosos casos de ausência de gênero gramatical e ricas variantes na sua expressão. O proto-indo-europeu, origem da maior família linguística do planeta, formado em meados do quinto milênio a.C., distinguia apenas entre gêneros animado e inanimado; posteriormente o gênero animado cindiu-se em masculino e feminino e o inanimado tornou-se neutro. Na maioria das línguas da família indo-europeia, como o grego, o latim, o alemão, o russo, o sânscrito e o romeno, há três gêneros, feminino, masculino e neutro. Em alguns casos, como no sueco e no dinamarquês, passou-se da definição binária de gêneros para um gênero comum. Além das línguas que simplesmente não diferenciam gênero, como o armênio, o turco, o húngaro, o japonês e o tupi-guarani, há casos como o da família Bantu, do centro e do sudeste da África, em que há línguas como o Shona, com mais de 20 gêneros. Exercite o conhecimento e a imaginação. O mundo dos gêneros é muito mais do que um par de opções.
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